Rio -  Brasileiros estão investindo mais em viagens para o exterior em busca de experiências que enriqueçam o currículo a carreira. Oportunidade não falta: só no programa Ciência Sem Fronteiras, são mais de 100 mil vagas oferecidas até 2015. A estratégia de ir ‘lá fora’ e voltar, dizem especialistas, garante a valorização do profissional e um salário melhor.
Foto: Arte: O Dia
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O cenário no país está favorável para quem quer construir carreira. Os dados de recente levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que os brasileiros viajam mais para turismo, estudo e trabalho e, em seguida, retornam para ver o que essa experiência pode resultar no mercado de trabalho do Brasil.
“Estamos próximos do pleno emprego”, diz Marcelo Neri, presidente do instituto, falando sobre a decisão de voltar ao país. Segundo ele, atualmente, tem 200 mil brasileiros só nos Estados Unidos — destino preferido, escolhido por 23,8%.
Com ‘apagão’ de mão de obra de diversos setores, a estratégia é positiva para melhorar o mercado, de acordo com Neri. “Brasileiros voltam altamente educados e preenchem a demanda”, diz.
Salário é mais valorizado após experiência ‘lá fora’
Tem mais brasileiro com mestrado nos Estados Unidos (8,84%) do que os próprios norte-americanos (6,28%), segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A procura por qualificação no exterior aumenta e tem programas gratuitos para estudar ‘lá fora’, além de opções de cursos e empregos diversos por parcelas a partir de R$ 400.
O preço pode pesar no bolso, mas a recompensa pelo investimento é imediata para a maioria dos viajantes em programas de estudo e emprego. Essa é a avaliação de Gabriel Freire, gerente regional da Student Travel Bureau (STB), agência que trabalha com esse serviço.
“Quanto mais se qualifica, o percentual de remuneração eleva. No lado que abrange a parte cultural e a vivência, o currículo ganha uma maior empregabilidade”, avalia o especialista.
E é isso que Jéssica Fontes, de 20 anos, está correndo atrás desde que contratou um pacote: são seis meses de inglês intensivo e outros seis de férias com direito a trabalho. Nos dias de folga, ela pode optar por cursos complementares em diversas áreas, como outra língua, fotografia e até mesmo contabilidade, que é adequado para ela, que se formou em Ciências Contábeis.
Jéssica foi para Turquia na última semana e depois segue para a Irlanda, para o trabalho e as aulas. Quem também está ‘voando’ atrás da qualificação no exterior é Mariana Musse, 27, que cursa doutorado em comunicação na Universitat Pompeu Fabra, em Barcelona.
Os estudos ‘lá fora’ garantiram, para Mariana, um avanço na sua carreira. Já estudou no Japão e, no último ano, se especializou em documentários na Escuela Superior de Cinema y Audiovisuales de Cataluña, em Barcelona. Quando retorna ao Brasil, segue o trabalho focado em cinema e comunicação.
Experiências não faltam para ela. “Somando os valores culturais com a vivência no campo profissional, não há como voltar ao Brasil com o saldo negativo”, diz.
Jéssica Fontes, que fica até 2014 no exterior, complementa: “A parte boa é que o intercambio se tornou mais fácil e barato do que anos atrás e as recompensas são inúmeras. É uma tremenda riqueza profissional e pessoal”.
De babás e cuidadores a professores
Foi-se o tempo em que a maioria dos brasileiros viajava para o exterior somente para ocupar postos de babá ou cuidadores de casas. A opção ainda existe e é uma saída viável para vida no exterior, mas acontece que pessoas têm saído do Brasil para estudar e conseguir empregos de alto nível.
Segundo a escritora e doutora em Educação Andrea Ramal, hoje o profissional brasileiro sabe que a formação precisa ser global e enriquecida por experiências multiculturais. “Ele sabe, sobretudo, que estudar fora já é uma oportunidade muito mais concreta e acessível, em vez de ser um privilégio de poucos”, analisa.
O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri, também afirma que as pessoas que investiram no estudo e no trabalho no exterior têm mais conhecimento e mais conexões. Essa é uma das constatações do último levantamento do Ipea.
“Além dos programas de intercâmbio, compra coletiva, facilidade do crédito e poder de compra facilitam a ida ao exterior”, diz. Para ele, a preferência dos fluminense acaba sendo ir, voltar e construir carreira.
CORRA JÁ ATRÁS DOS CURSOS
PROGRAMA GRATUITO
Já pensou em viajar e estudar de graça? O Ciência Sem Fronteiras está com vagas abertas durante todo o ano para bolsas em graduação, pós-graduação e pós-doutorado em cursos de tecnologia e ciência. Trata-se de uma iniciativa dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC).
Por meio do programa, brasileiros podem tentar bolsas para ir para outros países e se qualificar. Lá, ainda há chances de fazer a chamada ‘graduação sanduíche’ que combina estudos no exterior e no Brasil. O Ciência Sem Fronteiras estima abrir 101 mil vagas até 2015. Quem não consegue bolsas, tem diversas opções de pagamento também. Vale conhecer mais no site: www.cienciasemfronteiras.gov.br.
PARA TODOS OS GOSTOS
Não falta opção para quem quer aderir a estratégia de ter experiências no exterior e voltar. Em 2012, a CI Intercâmbio embarcou mais de 60 mil brasileiros em programas de intercâmbio. Os principais destinos foram Canadá, Estados Unidos e Inglaterra. O carro-chefe da companhia são os cursos de idioma, sobretudo o Inglês. Na Student Travel Bureau (STB), os números e destinos favoritos são os mesmos.
Há empresas que ofereçam pacotes com duração de uma semana a dois anos — há quem acabe criando carreira por outros países e retorne ao Brasil bem depois. Vale pesquisar nos sites oficiais de ambas empresas e conferir os pacotes e data oferecidos.
AS MAIS ESCOLHIDAS
Só na CI Intercâmbio, os programas de trabalho no exterior têm registrado crescimento em toda a rede desde 2010, com aumento de cerca de 11% ao ano. Em 2012, a empresa registrou aumento de 15% na venda desses programas.
Apesar dos cursos de idiomas serem a preferência de diversos clientes brasileiros, segundo Gisele Mainardi, gerente de Estudo & Trabalho da CI, as principais carreiras procuradas para os programas de estágio e trabalho foram Administração e Marketing.
Já para os cursos de graduação, pós, extensão e MBA foram administração, marketing, relações internacionais. “No Estado do Rio, registramos uma procura de 12% do total de toda a rede”, diz.