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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Clima complica abastecimento de energia elétrica

O país já ligou quase todas as usinas térmicas, mas os reservatórios das hidrelétricas continuam baixos – e a previsão do tempo não anima
  Fernando Jasper Uma semana atrás, a presidente Dilma Rousseff disse que é “ridículo” afirmar que o Brasil corre risco de racionamento de energia. Mas a situação está longe de ser confortável.
Com as altas temperaturas e o esperado reaquecimento da economia, o consumo deve continuar elevado. E, do ponto de vista da oferta, no curto prazo não há muito o que fazer para aumentar a geração de eletricidade, a não ser torcer para que chova mais do que as previsões vêm indicando.
Consumo aquecido
O uso de eletricidade no Brasil cresceu 4,7% em 2012, segundo o ONS. E tudo indica que continuará subindo nos primeiros meses deste ano. O Climatempo prevê um verão com temperaturas acima da média histórica em todas as regiões, o que deve manter nas alturas o consumo de energia de geladeiras, ventiladores, aparelhos de ar-condicionado e outros. E, se a economia brasileira realmente tiver engatado uma recuperação, a demanda da indústria e do comércio também tende a aumentar.
A situação dos reservatórios das hidrelétricas é crítica. E a expectativa é de que o verão tenha chuvas abaixo da média nas regiões Sudeste e Nordeste e em parte do Centro-Oeste, e irregulares no Norte do país. Do ponto de vista do setor elétrico, o cenário só é favorável para o Sul.
Segundo o Operador Na­­cio­­nal do Sistema Elétrico (ONS), os lagos das usinas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste – o principal do país – ocupavam ontem apenas 28,9% de sua capacidade máxima, índice semelhante ao da virada de 2000 para 2001, pouco antes de o governo decretar racionamento. O patamar atual também está perigosamente próximo do limite de segurança definido para esta época do ano, de 27,5%. Segundo o ONS, esse porcentual é o mínimo necessário para abastecer o mercado com segurança.
As represas do Nordeste estão um pouco mais cheias, com 31,9%, mas já estão abaixo do limite de risco da região, de 32,5%. No Sul do país, as chuvas dos últimos dias ajudaram os lagos a subir um pouco, alcançando a marca de 38,5%, com certa folga em relação ao nível de segurança local (22,9%). Ainda assim, o patamar atual é o mais baixo para esta época em pelo menos 13 anos, desde o início da série histórica do ONS.
Frentes frias
O meteorologista Marcelo Pinheiro, do Climatempo, explica que temperaturas mais altas na faixa do Oceano Atlântico devem dificultar a entrada de frentes frias no Sudeste. “Neste verão as frentes frias tendem a ficar mais bloqueadas sobre o Sul. Com isso, deve haver chuva acima da média nessa região e abaixo da média no Sudeste e no Centro-Oeste”, diz. Com represas mais cheias, a tendência é de que o Sul possa “importar” menos energia do Sudeste, dando algum refresco àquela região.
Emergência
Quando a chuva é pouca e é preciso poupar reservatórios, o ONS determina o acionamento de usinas termelétricas, que funcionam como “reserva de emergência” do sistema elétrico. Elas são um tipo de seguro que quase não existia na época do apagão de 2001 – a maioria foi construída depois, justamente para evitar que o problema se repetisse.
A questão é que quase todas as térmicas já estão ligadas; praticamente não há mais de onde tirar energia. Um pequeno alento virá da usina de Uruguaiana (RS), que deve ser reativada em meados deste mês. Mas, mesmo funcionando em sua potência máxima, de 639 megawatts, ela não atenderá muito mais que 1% da atual demanda nacional.

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