Partido afirma que pronunciamento em rádio e TV teve por objetivo a 'cristalina promoção da presidente da República'
RICARDO BRITO - Agência Estado
O deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), que assume a
liderança da bancada tucana da Câmara em fevereiro, entregou na tarde
desta terça-feira, 29, à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma
representação movida pelo partido. O PSDB acusa a presidente Dilma
Rousseff de ter feito campanha antecipada no pronunciamento da semana
passada em cadeia de rádio e TV no qual anunciou a redução da conta de
energia. Nesse pronunciamento, Dilma criticou quem fez previsões de que
não seria possível garantir o corte para consumidores residenciais e
industriais, agricultura e serviços.
Na representação, o partido afirma que, em vez de cumprir o objetivo
de preservar a segurança, a ordem social e divulgar assuntos do
interesse da administração pública, o pronunciamento tinha por objetivo a
"cristalina promoção da presidente da República", ao contrário do que
prevê a legislação sobre o assunto. Os tucanos alegam que Dilma
Rousseff, "beirando verdadeiro crime de responsabilidade", ainda tentou
provocar no anúncio "clara animosidade social" entre os "pobres" e
"aqueles que são sempre do contra"."Em flagrante contradição e em tom eleitoreiro, ao tempo em que afirma que só será possível construir um Brasil melhor quando ''colocarmos a nossa fé no Brasil acima dos nossos interesses políticos ou pessoais'', afirma que o seu ''time'' - leia-se Partido dos Trabalhadores, PT - ''tem sido dos que têm fé e apostam no Brasil'', tendo ''vencido o pessimismo e os pessimistas'', em clara e ilegal alusão (vez que fazendo uso de rede obrigatória e não de propaganda partidária!) ao pleito passado e aos partidos de oposição ao seu governo", acusa o PSDB, em documento com 18 páginas.
O partido acusa Dilma de ter cometido crime de improbidade por usar indevidamente a estrutura administrativa da Presidência para colher "dividendos eleitorais e políticos". O partido listou quatro exemplos de que considera utilização irregular da cadeia nacional. O primeiro é a semelhança da grafia do nome da presidente durante o programa e os programas realizados na campanha de 2010. Em segundo lugar, a logomarca do governo, utilizada no lugar do brasão da República. Em terceiro, o uso no pronunciamento de recursos gráficos semelhantes aos usados na campanha eleitoral. Por último, o uso de roupas vermelhas, o que faria alusão à cor do partido.
A representação foi encaminhada ao gabinete do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que deverá analisar se cabe a abertura de investigação contra a presidente Dilma Rousseff. Não há prazo para que Gurgel se pronuncie.
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