Reunião com os comandos de Exército, Marinha e Aeronáutica foi sigilosa; houve cobrança de documentos oficiais
Evandro Éboli

O
Ministério da Defesa confirmou o encontro, mas os comandos de Exército,
Marinha e Aeronáutica não se pronunciaram. Pela Comissão da Verdade
compareceram o coordenador Cláudio Fonteles, ex-procurador-geral da
República; Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro dos Direitos Humanos; e
Rosa Cardoso da Cunha, ex-advogada de presos políticos, entre eles a
presidente Dilma Rousseff.
Foi
um encontro e uma conversa sem sobressaltos, mas marcado pela firmeza
dos dois lados. A Comissão da Verdade cobrou documentos dos arquivos
oficiais. Os militares, por sua vez, sugeriram que os pedidos do grupo
que investiga crimes da ditadura sejam mais específicos, menos
genéricos.
-
Não foi um encontro formal, mas foi um diálogo franco e tudo posto com
muita tranquilidade. Com equilíbrio. Mas colocamos com muita clareza que
uma experiência ditatorial não pode se repetir no país - disse Cláudio
Fonteles.

Para
amenizar a conversa, os membros da comissão lembravam que os militares
de hoje não são os mesmos da ditadura. Um tema que incomoda os militares
não foi tocado: a apuração de crimes cometidos por militantes da
esquerda. Essa é a principal cobrança de integrantes da reserva que se
manifestam, e se incomodam, com a comissão.
Fonteles
avaliou como positivo o primeiro ano de trabalho do grupo, que tem até
maio de 2014 para apresentar seu relatório. Ele cita três exemplos de
resultado efetivo do trabalho com a participação da comissão: a
devolução simbólica de mandatos de deputados cassados; o surgimento de
documentos sobre o desaparecimento de Rubens Paiva; e a mudança no
atestado de óbito de Vladimir Herzog, que passou a constar como causa da
morte "lesões e maus-tratos sofridos durante interrogatório em
dependência do 2º Exército (Doi-Codi)".
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