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domingo, 22 de abril de 2012

Brasília tem a maior mobilização em dia de protestos pelo julgamento do mensalão. SP tem bombas

Em São Paulo, marcha na Avenida Paulista terminou em confronto entre manifestantes e a Polícia Militar. Assinaturas recolhidas nos protestos serão entregues pessoalmente aos ministros do STF

Cida Alves, Gabriel Castro e Rafael Lemos
Manifestantes entram em confronto com a polícia militar na marcha Nacional contra a corrupção na política durante a tarde de hoje, na avenida Paulista
Manifestantes entram em confronto com a polícia militar na marcha Nacional contra a corrupção na política durante a tarde de hoje, na avenida Paulista - Nelson Antoine/Fotoarena
O dia de protestos pela realização imediata do julgamento do mensalão foi marcado por uma forte adesão em Brasília, uma pequena mobilização no Rio de Janeiro e pelo confronto entre manifestantes com a Polícia Militar na Avenida Paulista, em São Paulo. Pelo menos 80 cidades organizaram manifestações anticorrupção pelo país neste sábado.
Segundo a organização do protesto na capital paulista, cerca de 2.000 pessoas se concentraram na avenida mais importante da cidade para protestar – a Polícia Militar calculou 800. A manifestação seguiu pacificamente até o final do percurso, no Museu de Arte de São Paulo (Masp).

Foi em frente ao museu que, por volta das 18h30, um grupo de manifestantes bloqueou totalmente a Avenida Paulista. Líderes de movimentos que convocaram a marcha tentaram negociar com a polícia e com os manifestantes que queriam fechar a via, mas não tiveram sucesso. A Tropa de Choque da Polícia Militar entrou em cena jogando bombas de gás lacrimogênio para dispersar o grupo. Houve correria e gritos. Alguns manifestantes responderam lançando pedras e até uma garrafa.
Por quase uma hora, a polícia fechou o cerco aos manifestantes, que mudavam de local à medida que os policiais avançavam. Uma das bombas de efeito moral lançadas pela Tropa de Choque foi parar dentro da estação Trianon-Masp, assustando os passageiros que estavam na fila para comprar tíquetes.
A confusão terminou com duas pessoas presas. “Uma delas por ter atirado uma garrafa contra os policias, e a outra por haver incitado o tumulto”, disse o tenente Adriano Souza Fernandes, que comandou a operação no local.

Apesar da confusão do desfecho, a manifestação em São Paulo foi bastante democrática, reunindo desde jovens punks tatuados até senhores de cabelos brancos cansados de ver casos de corrupção nas manchetes dos jornais. “A falta de compromisso com a verdade está intolerável. E, onde impera a mentira, a injustiça acontece invariavelmente”, disse o engenheiro Carlos Pereira da Silva, de 70 anos, que decidiu ir sozinho à manifestação.
Entre os alvos de crítica dos manifestantes, estavam o presidente do Senado, José Sarney; o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu; o senador Demóstenes Torres e os deputados federais Paulo Maluf e Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca. “O povo aprovou, o povo decidiu: ou para a roubalheira ou paramos o Brasil”, era o grito dos que protestavam. Diferentemente de outros anos, nenhum político apareceu para acompanhar a marcha nem houve grupos com bandeiras de partido tentando pegar carona na manifestação. Em várias cidades, foram recolhidas assinaturas em um abaixo-assinado que será entregue pessoalmente aos ministros do STF.
Brasília – A maior marcha aconteceu em Brasília, onde, segundo a Polícia Militar, cerca de 3.000 pessoas vestidas de preto se concentraram na esplanada dos Ministérios. O número de participantes, porém, ficou bem abaixo da expectativa de 20.000 feita pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), uma das organizadoras do protesto, tendo em vista que o movimento aconteceu no mesmo dia em que se celebraram os 52 anos da capital federal.
Os manifestantes também pedem ficha limpa para todos os ocupantes de cargos públicos, o fim do voto secreto no Congresso e a transformação da corrupção em crime hediondo. A organização do movimento fez circular um abaixo-assinado com o pedido de julgamento do mensalão entre os manifestantes. O documento será levado ao STF.
O presidente do Supremo, o ministro Ayres Britto, afirmou nesta semana que pretende concluir o julgamento nos próximos meses, antes das eleições municipais de outubro. O processo tem 40 réus acusados de envolvimento em um esquema de subornos feitos a dezenas de deputados em 2004 e 2005 e, suspeita-se, o financiamento ilegal da campanha eleitoral que levou Lula ao poder em 2003.
Rio de Janeiro – Enquanto a capital federal teve uma grande mobilização, o tempo ruim fez com que os cariocas preferissem viajar ou ficar em casa, deixando o protesto no Rio esvaziado. Por volta das 11 horas, pouco pais de 60 pessoas estavam participando da manifestação e o abaixo-assinado contava com cerca de 400 assinaturas – a maioria delas de indivíduos que passavam no local.
Em várias cidades, os manifestantes deram as mãos e formaram a frase "SOS STF". Com uma faixa – “CPI do Cachoeira: Ampla, Geral e Irrestrita” –, os envolvidos no protesto pediram rigor na apuração dos escândalos.
Os movimentos civis anticorrupção – muitos deles organizados nas redes sociais on-line – que realizam as manifestações pelo Brasil neste sábado já defenderam em seus protestos causas como a aprovação da Lei da Ficha Limpa, que entrou em vigor no começo deste ano.

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