Helicóptero esperou por 2 horas na mata até entrega de reféns, diz coronel.
Tahiane Stochero Do G1, em São Paulo
Um dos reféns libertados na segunda-feira (2) pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), e conduzido em um helicóptero do Exército Brasileiro para o aeroporto de Villavicencio, na Colômbia, entregou ao piloto brasileiro que lhe tirou da mata a folha de uma árvore em que escreveu um agradecimento pela ajuda na operação.
O texto, em espanhol, diz: “Não há nada tão maravilhoso que a realização deste sonho. Liberdade Amada. Obrigada pela sua ajuda", segundo divulgou a Cruz Vermelha Internacional em seu site. A lembrança de agradecimento foi entregue pelo sargento do Exército colombiano Luis Alfredo Moreno Chagüeza, sequestrado pelos guerrilheiros em agosto de 1988, durante um ataque a uma base policial e um batalhão militar em Miraflores, no departamento do Guaviare.
Até a tarde desta terça-feira (3), o Centro de Comunicação Social do Exército não tinha a confirmação sobre a entrega da folha, segundo informou o coronel Jorge Fossi, que acompanha a ação em Manaus.
Durante a “Operação Liberdade”, realizada na segunda-feira pelo Exército Brasileiro em apoio à Cruz Vermelha, as Farc libertaram 10 integrantes da polícia e das Forças Armadas colombianas, os últimos reféns militares em poder da guerrilha que ainda manteria centenas de civis em cativeiro.
2 horas no território das Farc
Segundo o Exército Brasileiro, os reféns foram libertados em dois pontos diferentes no meio da mata colombiana.
Dois helicópteros Cougar do 4º Batalhão de Aviação do Exército (Bavex) partiram de Manaus no domingo (1), em direção à base de Villavicencio, onde aguardaram a chegada de representantes da Cruz Vermelha e da ex-senadora Piedad Córdoba, presidente da ONG Colombianos pela Paz, para o deslocamento até os pontos que haviam sido entregues à ela pelas Farc onde os reféns seriam libertados.
O Cougar fez a decolagem em direção à mata às 10h25 da manhã de segunda-feira no horário local (12h25, no horário de Brasília), levando no total 10 pessoas a bordo. Além dos quatro militares brasileiros – piloto e copiloto, mecânico e um operador de rádio – Piedad e uma equipe da Cruz Vermelha acompanharam a ação.
O pouso nas primeiras coordenadas informadas por Piedad ocorreu por volta das 11h40 no horário local.
O tempo de espera previsto para que o helicóptero brasileiro ficasse no território das Farc era de apenas 15 minutos, mas os guerrilheiros demoraram mais de 2 horas e meia para entregar os reféns. Neste período, os militares brasileiros – que não estão armados – tiveram que cortar o motor da aeronave e aguardar, informou o coronel Jorge Fossi.
Os reféns que seriam libertados chegaram ao local onde o helicóptero estava aos gritos, chorando, e carregando fotos de familiares em mãos, segundo relatos dos integrantes da Cruz Vermelha que estavam a bordo.
Após a decolagem com o primeiro grupo de libertados a bordo, Piedad repassou a piloto brasileiro as coordenadas de segundo ponto na mata, onde as Farc prometiam entregar outros reféns. A situação foi de surpresa e espanto para a tripulação, pois estava previsto apenas uma entrega de reféns na segunda-feira. Os demais seriam resgatados em nova decolagem da aeronave na quarta-feira (3).
Mesmo assim, o Cougar seguiu para o segundo ponto onde os demais reféns foram entregues. O helicóptero, que deveria retornar à base colombiana antes do anoitecer, pousou em Villavicencio às 18h10 no horário local (20h10 no horário de Brasília) com os dez reféns.
Esta é a quarta vez que o Brasil participa humanitária de libertação de reféns em poder das Farc com a cessão de helicópteros e da tripulação do Exército para o resgate.
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