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domingo, 29 de abril de 2012

A conexão Perillo-Cachoeira

Diálogos interceptados pela Polícia Federal, em julho do ano passado, indicam que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), teria se comprometido com o contraventor Carlinhos Cachoeira para contratar a empreiteira Delta, sem licitação, para restaurar rodovias do estado.
Na conversa, o ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia e ex-vereador Wla­­­­dimir Garcez lembra a Cachoeira que Perillo fez o acerto na casa de Edivaldo Cardoso, ex-presidente do Detran de Goiás, exonerado no início do mês após a divulgação de sua relação com o contraventor.
Garcez fala no nome do governador ao responder a Cachoeira que o pagamento pelas obras será feito pelo Detran. “Isso é aquilo que o Marconi, você lembra, falou inclusive lá na casa do Edivaldo pra nós dois”, afirma.
Outra conversa grampeada, de 3 de agosto de 2011, entre o ex-vereador e o então diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, preso na quarta-feira, sinaliza como corriqueira a iniciativa de Perillo de lotear os contratos da Agência Goiana de Obras e Transportes (Agetop) com a “Delta-Carlinhos”.
O cunhado do governador e secretário de Articulação Polí­­­tica de Goiás, Sérgio Cardoso, foi quem avisou Wladimir sobre a “entrega” de dois lotes de um contrato no valor total de R$ 11 milhões para a Delta. Em nenhum momento o contraventor, o ex-vereador e Abreu falam sobre a necessidade de passar pelo processo de licitação.
Cachoeira se mostra irritado ao saber que o pagamento pelo serviço em um lote será de R$ 1,4 milhão. “Um milhão e quatrocentos de quê? De reais?”, questiona. O ex-vereador tenta acalmá-lo: “É que são dois lotes. Dá R$ 2,8 milhões de R$ 11 milhões. O valor total é de R$ 11 milhões”.
No diálogo grampeado 23 dias depois, Abreu também está irritado com a parte do contrato disponibilizada para a Delta. Ele diz que a conversa acertada era outra: “Eu tô p... com você e Carlinhos, ocês vão fazer eu nem dormir”. Abreu quer saber de quem são “os três lotes de Inhumas, na duplicação para Goiás Velho”. Ao ouvir o nome do empreiteiro Be­­­to Rassi, amigo de Marconi, entre os contemplados, ele reage: “A conversa não é essa não. A conversa é o segundo lote é da Delta, o terceiro lote não tem nada, ocê não conversa fiado”.
O governador de Goiás aparece entre os suspeitos de favorecimento pela quadrilha de Cachoeira desde que começaram a vazar as interceptações telefônicas feitas com autorização judicial. Seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que, por considerar essas gravações “ilegais”, não mais se manifestaria sobre o caso.

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