Ofensiva mais violenta dos últimos 6 meses foi reivindicada pela rede Haqqani
Nuvem de fumaça emerge de local próximo ao Parlamento afegão, em Cabul (Reuters)
A série de ataques coordenados realizada pelos talibãs neste domingo em várias partes do Afeganistão deixou até o momento 19 insurgentes mortos e 26 feridos, sendo 17 deles policias e 9 civis. A ofensiva, considerada a mais mortal desde setembro de 2011 - quando um cerco dos terroristas a Cabul terminou com 14 mortos - contou com explosões e disparos contra o bairro diplomático na capital, enquanto militantes tomaram vários prédios e tentaram entrar no Parlamento.
As embaixadas dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha, da Alemanha e do Japão também foram atacadas, além do hotel Cabul Star e vários quarteis-generais da Otan. Fora da capital, os atacantes investiram contra prédios do governo na província de Logar, o aeroporto em Jalalabad, e uma academia de polícia na cidade de Gardez, na província de Paktya.
O presidente Hamid Karzai foi transferido para um local seguro e seu palácio foi fechado diante dos ataques, que incluiu um atentado frustrado contra um de seus vice-presidentes, informaram autoridades. Segundo Lutfula Mashal, porta-voz da Direção Nacional de Segurança (DNS), o grupo responsável por atacar a residência foi interceptado e capturado antes de atingir seu objetivo.
Autoria - Os atacantes reivindicaram ser ligados à rede Haqqani, um ramo extremista do grupo talibã acusado de planejar a maioria dos ataques mais violentos em Cabul e conhecido por ter ligações estreitas com a Al Qaeda. Um porta-voz do grupo talibã afirmou que os ataques marcavam o início de sua ofensiva anual de primavera, que anuncia a temporada de combate, acrescentando que muitos homens-bomba suicidas estão envolvidos na operação.
"O governo de Cabul e as forças invasoras afirmaram há algum tempo que o talibã não seria capaz de lançar uma ofensiva na primavera. Os ataques de hoje foram o início da nossa ofensiva de primavera", disse Zabihullah Mujahed por telefone de um local indeterminado.
O rigoroso inverno afegão é um período de repouso para os talibãs, cuja guerrilha ganha intensidade e se estende para todo o país no início da primavera, quando o degelo libera as passagens montanhosas da fronteira com o Paquistão. A Otan tem cerca de 130.000 tropas apoiando o governo do presidente Hamid Karzai contra a insurgência talibã, mas eles vão se retirar até o final de 2014, transferindo o controle da segurança para as forças afegãs.
Segurança - Um porta-voz da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), da Otan, afirmou que as forças afegãs, cuja capacidade de resistir aos talibãs após 2014 foi questionada, estavam assumindo a liderança na contenção dos ataques em Cabul. Já o embaixador americano em Cabul, Ryan Crocker, disse que a capacidade das forças afegãs para responder aos ataques são um "claro sinal de avanço".
"Vimos uma desempenho muito profissional por parte das forças de segurança afegãs", disse Crocker à rede CNN neste domingo. "As forças afegãs são capazes de enfrentar atos como estes por sua conta. Um claro sinal de avanço", afirmou o diplomata.
Contudo, o mais recente de uma série de ataques sangrentos mostra que os militantes ainda têm a capacidade de atingir o coração da capital e elevar os temores pela precária situação de segurança, enquanto a retirada das tropas da Otan se aproxima.
(Com agência France-Presse)
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