SELVA

SELVA

PÁTRIA

PÁTRIA

domingo, 22 de abril de 2012

Enfim a TV 3D sem óculos

Ethevaldo Siqueira
Las Vegas
 
Tubarão aparece em tamanho natural, em 3D, sem necessidade de óculos (Foto Ethevaldo Siqueira)
Na tela do televisor de 200 polegadas (5,08 metros) de diagonal, as imagens 3D de alta definição podem ser vistas sem necessidade de óculos especiais e num ângulo de visão muito maior do que os sistemas anteriores. O monitor é tão grande que nele cabe um carro inteiro, um tubarão ou pessoas, em tamanho natural.
É o maior protótipo de TV 3D e alta definição já lançado no mundo e o primeiro que permite a visão tridimensional (3D) sem necessidade de óculos especiais, num ângulo muito maior do que as tentativas feitas até aqui por alguns fabricantes. Na realidade, a sensação tridimensional é produzida por um sistema de retroprojeção de 200 equipamentos de multiprojeção colocados atrás da tela. O desenvolvimento desses projetores e da tela foi feito pelo Instituto Nacional de Informação e Comunicação (NICT, na sigla em inglês), entidade estatal japonesa de pesquisa tecnológica, em colaboração com a JVC Kenwood Corp.
A TV 3D sem necessidade óculos especiais (Glasses-free 3D TV), deverá chegar ao mercado em 2013, ou seja, dois anos mais cedo do que se esperava, segundo expectativa dos dirigentes do NICT. A novo avanço, demonstrado com grande sucesso no NAB Show 2012, no pavilhão dedicado à pesquisa internacional, é bem superior ao televisor 3D glasses-free da Toshiba, porque permite boa visão com um ângulo de visão bem maior do espectador.
TV Multissensorial
Muito além da alta definição e das imagens tridimensionais, a TV multissensorial traz novos recursos que até há pouco não passavam de ficção. Diante de um roseiral em flor, a TV pode simular até o perfume das flores. Em cenas de batalha, a plateia sente até o cheiro da pólvora dos canhões. Num filme de terremoto, nossa poltrona vibra e simula tremor agora era pura ficção.
Esse sistema multissensorial e interativo é outra contribuição do NICT no mesmo espaço do International Research Park, no NAB Show 2012.  O laboratório japonês apresentou o protótipo da TV multi-sensorial interativa, também chamada de TV 4D, por tudo que acrescenta à tecnologia 3D, com o objetivo de levar mais realismo à TV e ao cinema.
Segundo os pesquisadores do NICT, o sistema multi-sensorial e interativo de TV poderá ter aplicações nas áreas científicas, no treinamento e no planejamento de cirurgias, em designs ou projetos de alta qualidade e em sistemas de televendas e comércio eletrônico.
Tudo na nuvem
A computação em nuvem chegou ao NAB Show em 2012, com toda a força. Isso significa que, num futuro próximo, leitor, poderemos baixar conteúdos gratuitos ou pagos em qualquer lugar e a qualquer hora (anywhere, anytime). Poderemos assistir a tudo, tanto online, quanto off-line.
O programa de rádio ou de TV que não conseguimos acompanhar ao vivo, em tempo real, poderá estar lá na nuvem, guardado, para ser visto no momento que melhor lhe convier, off-line.
A nuvem chegou ao mundo do audiovisual, em particular ao broadcasting ou radiodifusão, quer dizer, em difusão aberta, pela atmosfera ou pela internet. E o melhor disso tudo é que os radiodifusores de todo o mundo já começam a descobrir o potencial da nuvem – seja para o rádio, para a TV, o cinema ou qualquer outro conteúdo ou outras formas de multimídia, como os serviços híbridos da web.
Inicialmente, a nuvem começa a servir prioritariamente às emissoras, produtoras, distribuidoras e redes em geral. Mas a tendência inexorável é chegar ao usuário final, em especial com a multiplicação das opções de dispositivos móveis capazes de receber conteúdos de áudio, música, vídeo, podcasts, clippings, noticiários e tudo o mais que a indústria do audiovisual puder oferecer.
Este NAB Show 2012 comprovou as vantagens das aplicações da nuvem para dinamizar a cadeia de programação de rádio, de armazenamento de conteúdos de cinema, de produções corporativas de áudio e vídeo e de múltiplos conteúdos gerados pelos usuários.

Feira é o paraíso dos profissionais de rádio, TV e cinema (Foto Ethevaldo Siqueira)
Broadcasting no mundo
Um dos temas mais debatidos nos seminários e mesas-redondas do NAB Show 2012 foi o impacto que a mudança tecnológica tem trazido às comunicações abertas ou radiodifusão (broadcasting) nas últimas três décadas. As duas principais transformações que impactam essa área são a expansão mundial da internet, a mobilidade e a convergência de meios e serviços. O grande desafio daí decorrente é a necessidade de adequação dos conteúdos aos novos recursos e dispositivos pessoais, em especial os smartphones e tablets.
Vale lembrar que o Brasil já conta hoje com mais de 250 milhões de celulares em serviço e, como em diversos outros países, a cada ano são acrescentados milhões de novos usuários de smartphones e tablets e outros equipamentos portáteis com acesso à internet e capacidade de recepção de programas de rádio e TV aberta, inclusive a modalidade de televisão chamada IPTV (ou TV sobre protocolo IP).
Todos esses desafios exigem maior cooperação internacional entre os milhares de emissoras de TV aberta interessadas em se preparar para o novo cenário tecnológico e os novos desafios do conteúdo. Essa cooperação está nascendo a partir da assinatura em Las Vegas, na semana passada, de um memorando de entendimento, entre 13 entidades representativas das emissoras de rádio e TV de todo o mundo, inclusive do Brasil, visando à criação da Iniciativa Global sobre o Futuro da Televisão Aberta.
A ideia dessa cooperação internacional nasceu no Encontro para o Futuro da TV em Broadcasting, evento mundial realizado no ano passado em Shangai, na China. A preocupação central dessa iniciativa é fortalecer a TV aberta, como melhor alternativa para o entretenimento mais amplo da sociedade, por ser gratuito e aberto a todos os cidadãos – seguindo o exemplo do rádio em todo o mundo, ao longo dos últimos 90 anos.
Maior evento de multimídia
Mais de 80 mil profissionais de rádio, TV, cinema e multimídia de 83 países participaram de 14 a 19 de abril,  do NAB Show 2012, o maior evento mundial de comunicação eletrônica, realizado pela National Association of Broadcasters (entidade que representa o rádio e a TV abertos dos Estados Unidos). O Brasil teve boa presença, com a presença de mais de 500 profissionais, pavilhão nacional próprio, e a presença da Sociedade de Engenharia de Televisão (SET).
O evento funciona como uma escola ou curso intensivo de atualização de tecnologia, avanços de pós-acabamento, demonstrações de produtos, de estúdios e debates sobre os grandes temas setoriais, em especial na área de conteúdo e novos modelos de negócio.
Destaques do Show
Façamos uma avaliação do NAB Show 2012. Poucas vezes um evento ofereceu tantas novidades de impacto no mundo das comunicações e, em especial, na área da televisão e do cinema, como nesta edição do NAB Show, realizado na semana passada, em Las Vegas. Num breve resumo dos pontos mais relevantes desse evento, vale destacar:
Maturidade do cinema 3D
Com o lançamento da versão 3D do filme Titanic, dirigida por James Cameron, o cinema dá mais um passo significativo rumo à maturidade da tecnologia 3D. Outro avanço significativo é a possibilidade técnica de filmagem simultânea em 2D e 3D, anunciada por Cameron e seu parceiro e especialista em efeitos especiais nos filmes Titanic e Avatar, Vince Pace. Ambos fundaram o Cameron-Pace Group, empresa especializada em tecnologias 3D e conhecida pela sigla CPG.
 Do ponto de vista tecnológico e da qualidade visual, a versão 3D de Titanic supera todas as expectativas. Para criar os efeitos 3D no filme original, James Cameron e uma equipe de mais 400 técnicos tiveram que retrabalhar cerca de 280 mil quadros ou frames, em 300 computadores. Algumas cenas tiveram que ser refilmadas em 3D.
Dois saltos na TV
Nenhum segmento da eletrônica de entretenimento tem avançado de forma tão variada e rápida quanto a televisão. Só neste NAB Show, comprovamos dois saltos relevantes: a TV com projeção a laser e a TV 3D sem necessidade de óculos especiais.
Comecemos pela TV com projeção de laser, que produz as imagens mais nítidas e brilhantes em 3D que a tecnologia já conseguiu. E o mais impressionante é que essas imagens podem ser vistas em telões ao ar livre, até sob a luz do solar, sem perder o contraste e a nitidez. Essa nova tecnologia de TV está sendo desenvolvida por um conjunto de empresas sob a coordenação da Sociedade dos Engenheiros de Cinema e Televisão dos Estados Unidos (SMPTE, na sigla em inglês de Society of Motion Picture and Television Engineers).
 E, por mais brilhante e potente que seja a imagem de TV de projeção laser, os especialistas a consideram também econômica, por reduzir significativamente os custos operacionais e economizar energia, em especial se as empresas levarem em conta o seu consumo com o das atuais lâmpadas de xenônio e considerar o aumento extraordinário da vida útil dos equipamentos.
Outro salto expressivo, como mostramos com mais detalhes na reportagem acima, foi a TV 3D sem óculos especiais (Glasses-free 3D TV), com alta qualidade e ângulo de visão muito mais amplo para o espectador. A tecnologia foi desenvolvida pelo laboratório estatal japonês NICT e exposta num espaço especial do NAB Show, o International Research Park.
Nuvem na multimídia
Outra tendência que chega com força total no mundo do audiovisual é a computação em nuvem. O usuário – ouvinte ou telespectador – poderá guardar ou baixar tudo da nuvem: programas de rádio, de TV, podcasts, áudio, vídeo, filmes, músicas, textos, documentos ou aplicativos de qualquer natureza. Até 2011, a nuvem era algo distante do mundo do broadcasting.
Em breve, o usuário brasileiro terá opções do Google, da IBM, da Microsoft, além de grandes empresas brasileiras. É provável que disponha de conteúdos gratuitos e pagos. E terá também a opção de assinar o serviços de computação em nuvem para poder ver o que quiser na hora que melhor lhe aprouver.
Conteúdo multiscreen
Os horizontes do broadcasting se expandem a cada dia, pois, o conteúdo da televisão se destina, além dos televisores tradicionais, a diversos outros novos dispositivos – como, por exemplo, os smartphones, laptops e tablets. Esse é o grande desafio da TV diante do fenômeno já denominado Multiscreen Video Delivery (MVD) – ou seja, a distribuição de vídeo em muitas telas (de, cinema, televisores, laptops, smartphones e tablets).
Ferramentas digitais
Os diversos painéis do NAB Show 2012 comprovaram o poder extraordinário das ferramentas e tecnologias digitais na elevação da qualidade da imagem e das produções audiovisuais. Essa é a maior transformação ocorrida nos últimos 15 anos tanto com a utilização de computadores quanto de aplicativos cada vez mais poderosos e sofisticados, segundo a avaliação de um dos mais renomados debatedores, Steve Wozniak, cofundador da Apple e atual cientista-chefe da Fusion-io, para quem “a criatividade e a tecnologia se fundem hoje para influenciar a narrativa de histórias e dos filmes”.
Acordo para o broadcasting
Engana-se quem acha que o rádio e a TV aberta estejam perdendo a força como comunicação de massa. Com as múltiplas opções tecnológicas, o broadcasting busca renovar seu conteúdo e adequar seu modelo de negócios à nova realidade.
Para consolidar esse processo, as emissoras buscam hoje maior cooperação internacional. Para tanto, 13 entidades representativas das emissoras de rádio e TV de todo o mundo, inclusive a Sociedade de Engenharia de Televisão do Brasil, assinaram em Las Vegas na semana passada, memorando de entendimento visando à criação da Iniciativa Global sobre o Futuro da Televisão Aberta, como melhor alternativa para o entretenimento mais amplo da sociedade, por ser gratuito e aberto a todos os cidadãos – seguindo o exemplo do rádio em todo o mundo, ao longo dos últimos 90 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário