Cúpula do PT é condenada por corrupção no
mensalão e especialistas ouvidos por ISTOÉ dizem quais condenados devem
ir para a cadeia
Josie Jeronimo
DESTINO
Tremembé Os réus paulistas do mensalão, como José Dirceu e João Paulo
Cunha, poderão cumprir pena no Complexo Penitenciário de Tremembé (acima)
Durante o julgamento do mensalão, na última semana, os ministros do
STF condenaram o ex-ministro José Dirceu por corrupção ativa. A corte
concluiu que Dirceu comandou de dentro do Palácio do Planalto um esquema
de compra de apoio político no Congresso. O STF selou ainda o destino
de outros dois réus do PT: José Genoino, ex-presidente do partido, e
Delúbio Soares, ex-tesoureiro, também considerados culpados por
corrupção. Nas próximas semanas, após encerrar a votação, os ministros
passarão para a fase chamada de dosimetria, quando são estabelecidas as
penas dos réus. Juristas esperam nova polêmica nessa parte do
julgamento, pois a corte ainda não decidiu se um magistrado que votou
pela absolvição poderá opinar sobre a punição do réu. De qualquer forma,
já é possível fazer uma previsão sobre a pena que caberá a cada um dos
pelo menos 25 condenados. Especialistas em direito penal e magistrados
ouvidos por ISTOÉ estipulam que o ex-ministro José Dirceu e o
ex-tesoureiro Delúbio Soares pegarão cinco anos de prisão em regime
semiaberto. A pena, se confirmada, os obrigará a se apresentar todas as
noites em uma penitenciária.
Para se chegar a esse cálculo, foi levado em consideração o critério
da aplicação de penas brandas para réus primários. Do contrário, a
punição dos dois ficaria em pelo menos oito anos, o que determinaria o
regime fechado. Mas, apesar dessa projeção, o regime fechado não pode
ser totalmente descartado. Existe a possibilidade de os magistrados do
Supremo levarem a punição ao teto da pena prevista para o crime de
corrupção ativa, que é de 12 anos. Outra hipótese de majoração da pena é
se Dirceu for condenado na próxima semana por formação de quadrilha.
“Nada pode ser descartado, mas os ministros estão mais preocupados em
condenar do que em estabelecer grandes penas. O semiaberto dá uma
expedição de mandado de prisão, o que para a sociedade já é um símbolo
de punição”, resume Romualdo Sanches Calvo, presidente da Academia
Paulista de Direito Criminal.
Por ser de São Paulo, a tendência é que Dirceu – condenado a regime
semiaberto ou fechado – cumpra a sentença no Complexo Penitenciário de
Tremembé, que recolhe Alexandre Nardoni, Elize Matsunaga e Pimenta
Neves. O presídio do Vale do Paraíba, a 140 quilômetros de São Paulo, é a
única instituição do Estado que cumpre os requisitos necessários para
abrigar réus como os do mensalão. É lá que a Secretaria de Administração
Penitenciária coloca presos envolvidos em crimes de grande repercussão,
que poderiam ter a vida ameaçada se tivessem que conviver com detentos
comuns.
CONDENADO
Valdemar Costa Neto deve receber pena de nove anos
Quem também pode engrossar a lista dos detidos em Tremembé são os
deputados João Paulo Cunha (PT-SP) e Valdemar Costa Neto (PR-SP). De
acordo com o especialista em direito penal Tiago Ivo Odon, membro da
comissão de juristas que analisam a reforma do Código Penal, os dois
devem receber pena de pelo menos nove anos. Dos réus paulistas, o
ex-presidente do PT José Genoino é o que tem mais chances de se livrar
da penitenciária e cumprir pena alternativa, de pagamento de multa ou
prestação de serviços à sociedade. Já a Penitenciária Nelson Hungria, em
Contagem (MG), poderá ser o destino de oito réus mineiros do mensalão
condenados por crimes que somam mais de oito anos de pena. Entre eles
está o publicitário Marcos Valério, que será condenado a pelo menos 12
anos de prisão, segundo penalistas. Lá, o preso mais célebre é Bruno
Fernandes, ex-goleiro do Flamengo, acusado de assassinato.
Fotos: Marcio Fernandes/AE; Sérgio Lima/Folha Imagem; NILTON FUKUDA/AE
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