Luciana Nunes Leal, do Rio, e João Domingos, de Brasília
Encerrado o 2.º turno das eleições municipais, a presidente
Dilma Rousseff (PT), o vice Michel Temer (PMDB), o governador de
Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o senador mineiro Aécio Neves (PSDB)
descem dos palanques e se movimentam para tirar o melhor proveito dos
resultados das urnas. No horizonte de cada um, por menos que admitam,
está a sucessão presidencial de 2014.
Reuters
Dilma Rousseff tenta restabelecer união da base aliada
Antecipada a discussão sobre seus possíveis concorrentes em 2014, Dilma tenta desfazer a imagem de inoperância em áreas cruciais, em especial a infraestrutura, prato cheio para os presidenciáveis. Com os prazos apertados para a Copa e para a Olimpíada, o governo corre para lançar o novo modelo de concessão de portos e aeroportos, empurrado para depois do 2.º turno.
Os temas nacionais entraram, nos últimos dias, no discurso de Eduardo Campos, fortalecido desde o 1.º turno por vitórias no Recife e em Belo Horizonte. Em entrevista ao Estado na semana passada, Campos pediu mobilização “de quem é e quem não é da base do governo” e cobrou ações mais efetivas do governo para enfrentar a crise econômica internacional.
O governador e presidente do PSB lembrou a medida provisória da redução do preço da energia emperrada no Congresso. “Se ficarmos discutindo 2014, a energia continuará cara, vai tirar a competitividade da empresa brasileira. Com isso, pode afetar o mercado de trabalho”, disse.
Campos elogiou medidas como a redução do IPI dos automóveis, prorrogada pela presidente Dilma, mas pede mais. “Ninguém de bom senso acha que é possível abrir mão desse receituário. Mas todo mundo sabe que é preciso ir além dessas medidas. Como vamos seguir protegendo o mercado de trabalho no Brasil? Como vamos fazer para não importar essa crise com a intensidade que ela chegou a outras nações? Como os prefeitos eleitos agora vão financiar o que foi prometido ao povo?”, questionou o governador.
Apesar da redução do número de prefeituras do PSDB entre 2008 e 2012, o tucano Aécio Neves se fortaleceu internamente com a derrota de José Serra e aprofundou a aliança com Eduardo Campos. Aécio endureceu o discurso contra Dilma e o governo, o que deve se manter depois da eleição. O senador tucano pega carona no discurso do “novo”, que funcionou na capital paulista com Fernando Haddad, e comemora que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenha falado ontem em “renovação” do PSDB. O mesmo discurso tem sido feito pelo prefeito eleito de Manaus, o ex-senador tucano Artur Virgílio.
Para Aécio, as vitórias de tucanos como Virgílio e Rui Palmeira, em Maceió, ajudam a tirar o caráter “paulista” do PSDB. O mineiro sabe, no entanto, que terá de ganhar visibilidade no mais importante Estado do País, se quiser construir uma candidatura competitiva à Presidência da República. O mesmo vale para Eduardo Campos, que fez campanha para candidatos de seu partido em várias cidades do Sul e do Sudeste, no 2.º turno.
Embora muitos partidos da base da presidente Dilma tenham se enfrentado nas eleições municipais, inclusive o PT e o PMDB, Temer defende a tese de que os dois partidos estão mais próximos. “A aliança PMDB-PT se solidificou nesta eleição”, afirmou o vice-presidente, no Rio, semana passada. Com isso, o peemedebista procura afastar novos arranjos eleitorais para 2014, como uma possível oferta da vice-presidência ao PSB de Eduardo Campos.
Temer esteve no Rio para fazer campanha nas quatro cidades onde o PMDB disputou o 2.° turno e foi recebido em almoço oferecido pelo prefeito reeleito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). Paes havia lançado o governador Sérgio Cabral (PMDB) candidato a vice de Dilma, no lugar de Temer, e provocado uma rebelião entre os líderes nacionais do partido. O prefeito carioca recuou e o PMDB se uniu em torno da reedição da chapa Dilma-Temer.
Para os peemedebistas, passadas as eleições, dois assuntos são prioridade: a garantia do PMDB nas presidências da Câmara e do Senado e ministérios mais relevantes no governo Dilma.
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