No total, 87 dos 513 deputados e 5 dos 81 senadores disputam prefeituras
Tai Nalon
Humberto Costa (PT-PE): campeão de gastos entre os parlamentares que estão em campanha
(Antonio Cruz/ABr)
Desde 8 de agosto, data da retomada das sessões na Câmara após o recesso parlamentar, a Casa tem operado no chamado "recesso branco" - período em que os políticos comparecem ao Congresso apenas para votações prioritárias, sem perdas em seus vencimentos. A Câmara, por exemplo, não tem quórum para abrir sessões há duas semanas. Mesmo assim, os parlamentares podem ser indenizados por eventuais gastos com combustível e aluguel de carros, passagens aéreas, telefonia, auxílio-alimentação e despesas postais.
É o caso do deputado maranhense Ribamar Alves (PSB), candidato em Santa Inês, cujas contas dos últimos três meses em Brasília fecharam em 90 000 reais - ainda que tenha aparecido em Brasília, desde julho, apenas cinco vezes. Na Câmara, não marca presença há oito semanas. O deputado lidera o ranking dos congressistas que mais gastaram, ao lado do senador Humberto Costa (PT-PE), que também gastou 90 000 reais em verba indenizatória, ainda que esteja em campanha no Recife.
Desde o início da campanha municipal, em 6 de julho, Câmara e Senado se reuniram pouco mais de dez dias cada para sessões deliberativas, não-deliberativas e trabalho em comissões. Na pauta, talvez o único projeto de maior destaque, cuja mobilização para votação teve envolvimento até do Palácio do Planalto, foi a medida provisória do Código Florestal, aprovada com apenas 352 presentes; no Senado, com 61.
Fora do plenário, nas comissões, os trabalhos também patinaram. A sabatina do novo ministro indicado ao Supremo Tribunal Federal - marcada a reboque da votação do Código - a aprovação do marco civil da internet, as discussões do novo Código Penal, nenhuma teve qualquer tipo de desfecho.
CPI - Já a CPI mista do Cachoeira acumula quase 500 requerimentos, entre convocações de testemunhas e compartilhamento de documentos, que ainda não foram apreciados por seus integrantes. Com as atividades suspensas desde o início do mês, a comissão não realiza reuniões administrativas desde o início de agosto. Ainda que parlamentares estudem a prorrogação dos trabalhos para compensar o tempo parada, as atividades da comissão devem ser retomadas na segunda semana de outubro, a duas semanas para a entrega do relatório final.
A paralisia jogará ainda para os próximos três meses praticamente todos os projetos prioritários que ainda não foram aprovados. A lei que trata sobre o Orçamento da União para o próximo ano deve ser discutida a toque de caixa. O projeto que modifica o regime de distribuição dos royalties do pré-sal, parado na Câmara, idem. Segue também sem acordo se será o Legislativo que vai propor a lei que regulamenta a greve dos funcionários públicos. Quem irá articular para que o governo consiga aprovar todos os seus projetos também é dúvida: corre pelos corredores esvaziados do Congresso a crescente expectativa de nova troca na articulação política do governo.
Tudo isso sob sombra de mais outra campanha: a das eleições para a presidência das duas Casas, prevista para o início do ano que vem.
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