Presidente foi pressionada a responder se existe imprensa livre na Argentina
Cristina Kirchner durante conferência em Harvard: 'eu sei que há jornalistas fazendo perguntas'
(Jessica Rinaldi/Reuters)
A acusação foi feita, novamente, por meio de uma peça publicitária veiculada na televisão pública - chamada de ‘a fracassada operação do Clarín que hoje envergonha Harvard’ – durante um jogo de futebol. No vídeo, o programa de rádio de Víctor Hugo Morales, que defende as iniciativas do governo, entrevista uma pessoa identificada como uma ‘ex-aluna de Harvard chamada Lucía’ que fala sobre o ‘papel lamentável dos argentinos pelo tipo de perguntas que fizeram’. A entrevistada diz que as perguntas feitas pelos estudantes de Harvard na conferência com Cristina foram plantadas pelo Clarín, sem dar maiores detalhes.
O vídeo também mostra a própria presidente na conferência em Harvard, dizendo ‘saber que havia jornalistas fazendo perguntas’, sem dar maiores esclarecimentos sobre a acusação. Segundo o próprio Clarín, o governo kirchnerista já gastou 30,5 milhões de pesos argentinos na campanha contra o grupo. A conferência em Boston aconteceu depois de uma outra reunião com estudantes em Nova York, após a Assembleia Geral da ONU, em que a presidente também foi pressionada com perguntas incisivas e afirmou que 'não há jornalismo independente no mundo, assim como não há imprensa objetiva na Argentina'.
Avançada kirchnerista - Na semana passada, a Casa Rosada veiculou, durante uma partida de futebol do campeonato do país (evento de grande audiência), um vídeo de mais de quatro minutos em que a presidente ameaça retirar as licenças do grupo Clarín no dia 7 de dezembro caso este não se adeque a prescrições da Lei de Mídia sancionada por Cristina em 2009.
A Lei de Mídia proíbe, entre outros pontos, que as empresas privadas de comunicação mantenham mais de uma emissora de TV aberta em uma mesma localidade. O grupo Clarín, que possui quatro emissoras de TV aberta, contestou a constitucionalidade da nova legislação na Justiça e obteve a seu favor uma medida cautelar para continuar operando enquanto o sistema judiciário não decide a questão. Em 7 de dezembro, essa medida cautelar expira, mas pode ser prorrogada por mais um ano. O que Cristina ameaça é aproveitar essa brecha - entre a medida expirar e ser prorrogada - para tomar os veículos do maior grupo de oposição do país antes de a Justiça julgar a constitucionalidade da lei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário