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PÁTRIA
domingo, 14 de outubro de 2012
Labuta sobre as ondas
Tricampeão de kitesurf e empresário visita o Ceará e explica por que essas praias são as mais desejadas pelos atletas
Guilly fazendo o que mais gosta na Praia do Futuro Fotos: Divulgação/ Marko Montenegro
Na aventura radical de hoje, aproveitei a passagem do tricampeão mundial de kitesurf, Guilly Brandão pelas praias do Ceará para entender melhor a importância do nosso estado para o kitesurf nacional e mundial.
Essa aventura rolou em uma típica manhã de quinta-feira, na Praia do Futuro. Logo que fiquei sabendo da chegada ao Ceará de um dos melhores kitesurfistas do Brasil não perdi tempo e fui ao seu encontro para descobrir o que o trazia mais uma vez aqui para o paraíso dos ventos.
Em uma conversa franca, acabei descobrindo uma história que vai muito mais além de disputas de competições e adentra em um território novo e pouco conhecido: o do futuro dos atletas de alto rendimento em esportes radicais após deixarem de competir profissionalmente.
Visita justificada
O vento soprava forte, o céu estava azul e sem nenhuma nuvem e o dia parecia perfeito para um bom velejo. Encontrei o Guilly no meio da manhã e ele já estava na "maior pilha" para começar a ação. Enquanto nos deslocávamos para a área de kite da Barraca Guarderia Brasil, ele ia relatando os motivos de sua vinda.
Guilly me explicou que o Ceará é uma das principais rotas para qualquer atleta que esteja envolvido no kitesurf, seja ele atleta profissional, seja apenas um velejador de fim de semana e que adora viajar para "caçar" ventos. Ainda segundo ele, o Ceará reúne condições excelentes para a prática do kitesurf. Além da convidativa temperatura da água, em média 25º e dos visuais exuberantes nos quase 600km de litoral, os ventos constantes durante praticamente todo o ano, são um convite diário ao velejo. "Diferente de outros lugares do mundo, alguns até considerados muito bons para o kitesurf, aqui no Ceará venta forte todo dia e, durante a alta temporada de ventos, é o melhor lugar do planeta para quem quer treinar em alta performance ou simplesmente, evoluir no esporte. Já viajei para lugares em que precisei esperar dias até que o vento entrasse. Aqui no Ceará essa possibilidade não existe".
Mal chegamos à praia e Guilly tratou logo de armar seu kite e correr, ou melhor, voar para a água mostrando porque foi três vezes campeão do mundo nesse esporte. A pressa era tamanha que parecia que o vento ia parar a qualquer momento. Só após quase duas horas com ele saltando e arrebentando nas ondas é que pude finalizar nossa conversa. Foi aí que conheci o lado empreendedor desse guerreiro dos ventos e pude entender melhor o motivo que o trazia até aqui.
Transição
Segundo Guilly, os últimos três anos têm sido de transição para ele, que vem conciliando a vida de competidor com o cargo de Diretor de Desenvolvimento de produtos de kitesurf de uma empresa de artigos de surf, a Mormaii. Segundo ele, a vida de atleta profissional não é para sempre e, pensando nisso, ele tem se engajado em projetos que o mantenham próximo do esporte e ao mesmo tempo o ofereçam oportunidades de colocar toda a experiência adquirida em décadas de dedicação ao kitesurf.
"O meu grande desafio hoje é equilibrar a pressão das competições com a rotina do escritório, ou seja, desenvolvimento, produção e comercialização de produtos voltados para o kitesurf. Tem sido uma experiência interessante, pois o objetivo maior dessa empreitada é continuar vivendo diretamente do kitesurf e principalmente, velejar sempre que as condições estiverem ideais", completou o atleta que agora também é empresário.
Parcerias
E foi justamente para isso que Guilly veio para o Ceará. Como ele mesmo disse, primeiro para aproveitar as condições ideais para a prática do esporte e segundo para testar equipamentos e firmar parcerias em um dos estados mais importantes para o esporte em nível nacional.
Para o campeão, o Ceará é um ponto estratégico não só para atletas, mas também para empresas como a sua. "Aqui sem sombra de dúvidas, é um estado privilegiado quando se trata de vento. Por isso o mercado é muito grande e com potencial de crescimento maior ainda. Já vim várias vezes para cá para competir ou simplesmente treinar. Mas, dessa vez, o motivo principal foi apresentar novos equipamentos para a galera e consolidar uma parceria com o super-badalado pico de kite e windsurf Guarderia Brasil, que fica na Praia do Futuro e tem como manager da escola de kite meu amigo e cicerone Fred Jean", completou Guilly, que se diz muito satisfeito com essa nova fase em sua vida profissional.
"Todo atleta sonha em viver eternamente do esporte que ama. Estou buscando formas alternativas de continuar vivendo intensamente o kitesurf. Algumas vezes ainda estranho a rotina do escritório, mas quando lembro que boa parte do meu trabalho continua sendo na água, logo crio ânimo para seguir em frente e continuar a acreditar no sonho", finalizou.
SAIBA MAIS
Curso de Kitesurf
A Guarderia Brasil está oferecendo um curso de kitesurf, ministrado pelo instrutor Fred Jean e com o custo de R$ 800, referentes a 10h/a incluido parte prática e teórica.
A maioria dos alunos costuma ter condições para ser autônomo após esse período de instrução. Atletas de surf, wakeboard ou outros esportes com prancha normalmente aprendem em menos tempo
Localização
A Guarderia Brasil fica situada na Praia do Futuro próxima a Praça 31 de Março. Procure sempre escolas especializadas e com certificação. No Ceará, existem várias opções.
Nunca tente aprender com alguém que não tenha formação de instrutor e, principalmente, com pessoas que não dominam o esporte. Pode ser muito arriscado para ambos
Na web
Saiba mais sobre o kitesurf no Ceará acessando o blog Manobra Radical do Diário do Nordeste Online
Guilly Brandão contribui para reciclagem do esporte
Adilton Mariano, fera do surf cearense; Jamil Farah; o instrutor de kitesurf Fred Jean; o superstar Guilly Brandão, que conquistou inúmeros títulos tanto na modalidade freestyle quanto na race do kite; e Gustavo Monte
Durante a passagem de Guilly Brandão por Fortaleza, vários atletas aproveitaram para reciclar os conhecimentos e testar equipamentos trazidos por ele.
O mais entusiasmado de todos era Fred Jean, instrutor de kitesurf e, agora, também parceiro de Guilly nesse projeto de vida. Ele destacou o crescimento do esporte nos últimos anos, aproveitando para levantar a bandeira da segurança.
Para Fred, a iniciativa da Mormaii de lançar um kitesurf de concepção nacional, em parceria com a Best, uma das maiores fabricantes de equipamentos de kite no mundo, por si só já seria um feito. E a presença de um atleta como Guilly no desenvolvimento desses produtos é mais significativa, pois confere maior credibilidade ao equipamento.
Segundo Fred explicou, assim como para Guilly, o kitesurf é mais do que um esporte, é a sua vida. "É muito bom ver atletas como Guilly colocando toda a sua vasta experiência a serviço do crescimento e desenvolvimento do esporte. Para mim, que também vivo diretamente do esporte, é importante ter um referencial como ele", declarou ele, que também faz questão de enfatizar que, atualmente, sua maior preocupação é no tocante à segurança no kitesurf.
Sem falhas
Para o instrutor, a segurança começa na escolha do equipamento, que não pode falhar. Por isso, ter atletas de alto rendimento diretamente envolvidos no desenvolvimento desses materiais é tão importante.
Só depois é que se pode partir para as questões de segurança relativas aos procedimentos e às normas de utilização e prática esportiva. Segundo Fred, todos os alunos são instruídos a zelar pela segurança em primeiro lugar. E não somente no aspecto pessoal, mas também dos banhistas e surfistas que estão na praia.
"Todo esporte radical implica certo nível de risco. É por isso que bato na tecla da segurança, pois somos responsáveis pelas pessoas ao nosso redor e não podemos colocar em risco quem vem à praia e nem negligenciar essa responsabilidade. Como instrutor, me sinto na obrigação de deixar isso bem claro para meus alunos", afirmou Fred.
Para isso, na sua escola de kite, existe um local isolado e seguro destinado a pousos e decolagens dos alunos, sem trânsito de banhistas. A maior preocupação é com o crescimento desordenado da modalidade e com os instrutores que negligenciam as regras básicas de segurança.
GEORGE NORONHAESPECIAL PARA O JOGADA
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