Jornal britânico fala sobre a queda do lucro da estatal e a perda de atratividade aos investidores provocadas pelo próprio governo brasileiro
Matéria do 'Financial Times' mostra a ascensão de Graça Foster
(Tânia Rêgo/ABr)
Em agosto, a estatal revelou seu primeiro prejuízo em 13 anos: uma perda de 1,35 bilhão de reais no segundo trimestre de 2012. Ao lembrar o resultado, a reportagem lamenta que não há muito o que a CEO possa fazer para solucionar os problemas da companhia no curto e médio prazo. O texto cita, por exemplo, o expressivo aumento do endividamento em dólar da estatal, o qual foi provocado pelo próprio cenário de desvalorização do real ante a moeda americana – uma política imposta pelo Palácio do Planalto como medida para proteger a indústria doméstica da concorrência externa.
O 'peso Dilma' – A reportagem frisa também que, para muitos investidores, o grande peso para a produção de óleo e gás no país vem "daquela que está sorrindo em uma moldura oficial pendurada atrás de Graça". É uma referência explícita ao quadro de Dilma Rousseff com a faixa presidencial, que fica bem à direita da mesa da CEO, na parede de trás (a foto da reportagem identifica bem a imagem).
Na seqüência, o jornal ressalta que a estatal perdeu atratividade aos olhos dos investidores graças à forma como o governo definiu a distribuição dos lucros futuros da exploração de petróleo no país – em especial a do pré-sal – e que "duras restrições sobre contratação de empresas estrangeiras" – as tais regras de conteúdo nacional – foram culpadas por aumentar os custos da empresa.
Outro ponto apontado pela reportagem como uma dificuldade de Graça é a política do governo Dilma de segurar o repasse dos custos da gasolina ao consumidor final. Esse tema foi, inclusive, abordado em coletiva com a CEO logo após o anúncio do prejuízo da estatal, em agosto. Em junho, o Palácio do Planalto permitiu, algo que não ocorria desde 2006, um aumento moderado dos preços de petróleo e do diesel no Brasil.
"Faz sentido realizar mais alguns ajustes, mas na hora certa", disse Graça ao FT – que ironizou o fato de a CEO ter escolhido "cuidadosamente" as palavras para fazer essa declaração. A matéria aponta, em seguida, que "tato parece ser a peça-chave para a administração de uma estatal que tem a própria presidente da República sempre olhando por cima dos ombros".
Alinhamento – O FT admite que Graça Foster realmente não tem nenhum motivo para falar mal da primeira presidente mulher do Brasil, além do fato de Dilma tê-la nomeado como CEO. “A demanda por combustível está grande graças ao que Dilma e Lula fizeram pelo Brasil, promovendo a inclusão social", disse a executiva. O jornal relaciona a fala da CEO com sua trajetória e destaca o fato de ela se referir à Dilma como "presidenta", no feminino, dizendo que isso reflete o alinhamento de Graça Foster com o governo do PT.
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