A segunda maior precipitação do ano transformou a cidade em um caos e afetou até equipamentos culturais
Não bastassem os transtornos devido à greve dos motoristas e cobradores de ônibus, os fortalezenses tiveram, ontem, mais um motivo para tornar o seu dia nebuloso: a chuva. Os 121,2 milímetros contabilizados pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), entre as 9h e 15h, fizeram desta a segunda maior chuva do ano e transformaram a cidade em um espaço caótico.
Entre 9h e 15h, choveu 121,2 milímetros na Capital, onde o sol quase não apareceu e a temperatura chegou a 22º. Ocorrências como alagamentos, desabamentos e engarrafamentos aconteceram em todas as regionais Foto: Kid Júnior
O sol quase não apareceu e a temperatura chegou a 22ºC. Ruas e avenidas alagadas, engarrafamentos, desabamentos, transbordamento de rios e canais, dentre outras ocorrências, aconteceram em todas as regionais. Praticamente nenhum bairro foi poupado e até os principais equipamentos culturais de Fortaleza, como o Dragão do Mar e o Teatro José de Alencar, cancelaram suas programações.
O mau tempo prejudicou também o Aeroporto Internacional Pinto Martins, que teve a pista de pouso fechada a partir das 14h38. Os aviões tiveram de ser redirecionados para Recife, Natal e Teresina, conforme a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero). Sem aeronaves em solo, as decolagens também foram prejudicadas. Só às 16 horas, a situação foi normalizada. Durante todo o dia, quatro voos foram cancelados e 20 atrasados.
A água chegou à cintura dos pedestres. Alguns motociclistas audaciosos tentaram atravessar os pontos de alagamento, mas acabaram tendo de descer das motos para empurrá-las.
Asfalto cede e carro cai
No cruzamento das ruas Barão de Aracati e Costa Barros, um buraco se formou devido à precipitação. Um carro caiu na cratera e teve de ser retirado do local com um reboque.
Em frente à sede da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam), nas Cajazeiras, carros pararam de funcionar. Em três quarteirões, havia seis veículos danificados pela água, como o do engenheiro Adalto Bezerra, que precisou empurrar o automóvel para livrar as portas. "Sempre que chove, fica assim por aqui", observa.
Os moradores da avenida José Leon, no bairro Tancredo Neves, improvisaram um cordão de isolamento para evitar que veículos trafegassem num quarteirão alagado.
Causa
As chuvas, de acordo com a meteorologista da Funceme, Gabriela Lameu, aconteceram devido ao fenômeno natural conhecido como Ondas do Leste, característico da pós-estação chuvosa, entre os meses de junho e julho, no Ceará.
Mesmo sendo característica desse período, não é comum que a chuva ocorra com tanta intensidade. "O contraste térmico fez com que a chuva ganhasse muita potencialidade. Não sabíamos que viria nessa quantidade. Não tinha como prever a força até o sistema chegar no continente", explica a meteorologista.
Ainda segundo a Funceme, a previsão é que o fenômeno Ondas do Leste não se manifeste com a mesma intensidade hoje, embora chuvas não estejam totalmente descartadas.
Vias da Capital ficam alagadas
As vias de Fortaleza, que, normalmente, já são congestionadas, ficaram ainda piores, ontem, por conta da chuva. No cruzamento da Avenida Heráclito Graça com a Rua Antônio Augusto, no Centro da Capital, uma caminhonete ficou presa. O motorista só conseguiu tirar o carros de dentro d´água após cerca de 40 minutos.
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A Avenida Alberto Craveiro foi uma das que teve o trânsito prejudicado devido à chuva Foto: Kiko Silva
Devido ao impasse, a via ficou congestionada, principalmente por causa dos veículos circulando na contramão, já que os motoristas não seguiam adiante com medo de também ficarem presos na poça d´água, que cobria metade dos carros de pequeno porte.
O motorista Caetano Oliveira Soares era o primeiro de uma longa fila de automóveis parados na Avenida Paulino Rocha. Ao ver uma poça d´água, ele se negou a prosseguir até que parte da água escoasse. "Eu parei porque tem água demais. Não vou ficar igual a esses outros, no prego. Se molhar o distribuidor, já era. Agora vou ter que esperar. Por isso está esse monte de carro aqui atrás", justifica.
O acúmulo de água na frente dos portões do Campus do Itaperi, na Avenida Dedé Brasil, impedia que os pedestres entrassem na Universidade Estadual do Ceará (Uece).
O lixo invadiu as pistas de ruas e avenidas da Parangaba. O trecho da BR-116 por baixo do viaduto da Avenida Oliveira Paiva, por volta do meio-dia, registrou tráfego intenso. Os motoristas usavam apenas uma das três pistas da rodovia, na tentativa de desviar do alagamento.
A Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) registrou seis pontos de alagamento: avenidas do Contorno, José Bastos com Rua Pernambuco, avenidas Pontes Vieira com Senador Virgílio Távora, Francisco Sá - entre as ruas Senador Robert Kenedy e Araquém, Avenida Duque de Caxias com Rua Major Facundo e Avenida Alberto Craveiro, sentido Castelão/Aldeota.
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