De acordo com o depoimento, ela teria feito tudo sozinha; advogado abandona defesa
TerraElize Araújo Kitano Matsunaga, 38 anos, que confessou ter matado e esquartejado o empresário Marcos Kitano Matsunaga, 42 anos, com quem era casada e tem uma filha, contratou detetives particulares para investigar a infidelidade do marido. A informação foi dada pelo advogado da família do empresário, Luiz Flávio D'Urso, na tarde desta quarta-feira.
Durante o depoimento dado hoje à Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), Elize confessou que interpelou o marido porque ficou sabendo que havia sido traída. Na discussão, Elize disse que foi agredida e matou o empresário. "Ela confessou espontaneamente que é autora do homicídio, que praticou sozinha e também reafirmou a tese de que o crime foi passional", contou o diretor do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), Jorge Carrasco.
Durante a desavença conjugal na noite do dia 19 de maio, Elize disse que foi agredida e, nesse momento, pegou uma arma e executou o marido com um tiro. Depois, o arrastou para o banheiro da empregada do apartamento de 500 m² do casal. O cômodo ainda não havia sido periciado. "Ela esquartejou com facas que irá apresentar posteriormente à polícia e ressaltou que fez tudo sozinha", destacou Carrasco.
Elize disse que usou no crime uma arma de calibre 380, que estava entre as doadas por ela à Guarda Civil Metropolitana de São Paulo antes de ser presa. Ela também confirmou que as malas que aparecem nas imagens das câmeras do prédio onde mora foram usadas para transportar as partes do corpo do marido, mas não revelou o paradeiro. A polícia pediu a prorrogação da prisão temporária por 30 dias para a Justiça em Cotia.
Defesa
O advogado José Beraldo, que deveria fazer a defesa de Elise Matsunaga, a mulher do executivo da Yoki Marcos Kitano Matsunaga e principal suspeita da morte do empresário, não irá mais assumir o caso. Por volta das 12h30 desta quarta-feira, ele disse à imprensa que a decisão foi tomada por questão de ética profissional, "por respeito aos pares", já que a irmã de Elise já havia convocado outro defensor, o advogado Luciano Santoro. Beraldo tinha sido chamado pelos pais da suspeita.
No início da manhã, Beraldo acompanhou a acusada na chegada à Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), no centro da capital paulista. Ele contou que havia sido procurado pela família de Elise para assumir o caso e, inclusive, conversado com a acusada na cadeia de Itapevi, na Grande São Paulo, onde ela está detida.
"Elise solicitou (que eu assumisse o caso) hoje pela manhã, no presídio de Itapevi, onde fiquei com ela. Ela estava em uma cela 2 m por 2 m, cabisbaixa. É uma moça pequena, de estrutura fragilizada, chorosa, e me disse determinados fatos que não posso revelar agora", contou.
Beraldo chegou a dizer que Elise não deveria se manter em silêncio em seu primeiro depoimento oficial. "Ela tem o direito de depor somente em juízo mas, no meu entendimento, que estou convencido de sua inocência, ela tem que prestar depoimento sim, não tem que esconder nada e relatar tudo", garantiu.
Beraldo representou as famílias de Eloá Pimentel, 15 anos, assassinada pelo namorado Lindemberg Alves Fernandes; e Grazielly Almeida Lames, 3 anos, atropelada e morta por uma moto aquática no litoral paulista. A prioridade da investigação agora é concluir a parte pericial. Hoje ainda o apartamento do casal passará por uma nova perícia.
Assassinado com um tiro
Marcos Kitano Matsunaga foi considerado desaparecido no dia 20 de maio. No dia 27, partes do corpo foram encontradas em várias regiões da Grande São Paulo. Segundo a investigação, o empresário foi assassinado com um tiro e depois esquartejado. Principal suspeita de ter praticado o crime, a mulher dele, Elise, teve a prisão temporária decretada pela Justiça na segunda-feira. Ela fez exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML) na madrugada de ontem e, em depoimento informal, negou a participação no assassinato.
A polícia trabalha com a hipótese de crime passional. O delegado Mauro Dias, responsável pelo caso, informou que os agentes investigam se a descoberta de uma suposta traição teria motivado o crime. "Há indícios de traição (por parte de Matsunaga). Baseados em fatos reais", disse o delegado, que preferiu não dar mais detalhes. Segundo ele, não está descartada a participação de mais de uma pessoa no assassinato.
O relacionamento
Elize e Matsunaga eram casados há três anos e têm uma filha de 1 ano. Desde a prisão da mulher, a filha está com familiares. Marcos era pai também de um filho de 3 anos, fruto de relacionamento anterior.
Segundo as investigações, ele tinha um seguro de vida no valor de R$ 600 mil, do qual a mulher e os dois filhos eram os beneficiários. O delegado Jorge Carrasco, porém, rejeita, a princípio, motivações econômicas para o assassinato.
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