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quarta-feira, 22 de julho de 2009

Copom reduz juros para 8,75% ao ano no quinto corte seguido

Após reduzir os juros abaixo da barreira psicológica de 10% ao ano no mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reuniu nesta terça e quarta-feiras (21 e 22) e optou por cortar novamente a taxa Selic, agora de 9,25% para 8,75% ao ano, ou seja, 0,5 ponto percentual de queda, informou hoje a instituição.Com a decisão, o ritmo de corte dos juros caiu pela metade. Isso porque, nos dois últimos encontros do Copom, em abril e junho, a taxa caiu um ponto percentual. Segundo economistas do mercado financeiro, esse deverá ser o último corte de juros, pelo menos, até agosto de 2010. No fim do ano que vem, acreditam, a taxa deve voltar a subir. O Copoms se reúne novamente nos dias 1 e 2 de setembro.
Frase divulgada pelo Copom
Ao fim do encontro, o BC divulgou a seguinte frase: "Tendo em vista as perspectivas para a inflação em relação à trajetória das metas, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 8,75% ao ano, sem viés, por unanimidade. Levando em conta que a flexibilização da política monetária [redução de juros] implementada desde janeiro tem efeitos defasados e cumulativos sobre a economia, o Comitê avalia, neste momento, que esse patamar de taxa básica de juros é consistente com um cenário inflacionário benigno, contribuindo para assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas ao longo do horizonte relevante, bem como para a recuperação não inflacionária da atividade econômica".
Patamar dos juros
Com a quinta diminuição consecutiva nos juros, que estavam em 13,75% ao ano no fim de 2008, o Copom renovou nesta quarta a mínima histórica. É a taxa mais baixa da série do Copom, que tem início em 1996. Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores, fez um levantamento e concluiu que, em 8,75% ao ano, os juros são os mais baixos, pelo menos, desde meados da década de 70. Ou seja, a menor taxa dos últimos 35 anos. "O BC foi criado em meados da década de 60. Então, naquela época, até pela própria estrutura econômica, os juros não tinham essa relevância e tanto efeito sobre a economia. A realidade do mercado era muito distinta. Já na década de 80, tivemos inflação galopante e aí os juros subiram", disse Pereira.
Juros reais
Com a redução efetuada pelo Banco Central nesta quarta-feira, o Brasil melhorou duas posições no ranking mundial de juros reais - calculados após o abatimento da expectativa futura de inflação, segundo dados da Consultoria UpTrend.
O país, que em junho estava na terceira posição, passou para a quinta colocação. Com juros reais de 4,4% ao ano em julho, o Brasil foi ultrapassado pela Tailândia (5,5%) e Argentina (4,9% ao ano). As duas primeiras posições continuam ocupadas pela China (7,1%) e pela Hungria (5,6% ao ano).
Sistema de metas
No Brasil, vigora o sistema de metas de inflação, pelo qual o Copom tem de calibrar a taxa de juros para atingir uma meta pré-determinada com base no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ao subir os juros, atua para conter a inflação e, ao baixá-los, avalia que a inflação está condizente com as metas. Para este ano, e para 2010, a meta central de inflação é de 4,50%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Com isso, o IPCA pode ficar entre 2,50% e 6,50% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Cenário dos últimos meses
O BC tem baixado os juros nos últimos meses por conta dos efeitos da crise financeira internacional na economia brasileira, que resultou em queda do crescimento por dois trimestres consecutivos - o que caracteriza um cenário de recessão.
Entretanto, a expectativa do mercado financeiro para o IPCA tem subido nas últimas semanas. Para 2009, a projeção já está em 4,53% (acima da meta central) e, para 2010, em 4,41%. Neste momento, o Copom já começa a prestar mais atenção no cenário de inflação do próximo ano - uma vez que as decisões sobre a taxa de juros demoram mais de seis meses para terem impacto pleno na economia.
Poupança e fundos de renda fixa
A decisão do Copom de reduzir novamente os juros, segundo especialistas, tende a diminuir a atratividade dos chamados fundos de renda fixa, e DI - que acompanham mais perto a variação da taxa de juros.
No primeiro semestre deste ano, a poupança rendeu 4,21%, enquanto os fundos de renda fixa tiveram rendimento de 5,65% e os fundos DI de 5,48%. Na poupança, entretanto, não há cobrança do IR (de 15% a 22,5% para os fundos) e nem de taxa de administração.
Segundo Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os fundos que cobram mais de 1% de taxa de administração já começam a perder competitividade com os juros em 8,75% ao ano.
"Com essa queda de juros, vai haver uma pequena migração para a poupança. O corte dos juros vai gerar uma pressão para que os bancos reduzam a taxa de administração dos seus fundos de investimento. Vai estimular uma competitividade maior no mercado", disse Oliveira ao G1.
Mudanças na poupança
Para evitar uma fuga de recursos dos fundos de investimento, que compram títulos públicos do governo e, com isso, ajudam na chamada "rolagem da dívida pública", o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que pretende enviar ao Congresso um projeto para tributar a poupança com mais de R$ 50 mil a partir de 2010. Ele também informou que a tributação dos fundos de investimento pode ser reduzida.
No primeiro semestre deste ano, os fundos de investimento captaram R$ 25 bilhões, enquanto a caderneta de poupança teve um ingresso líquido de recursos bem menor no mesmo período: de R$ 2,44 bilhões. Somente em junho, entretanto, R$ 2,07 bilhões entraram na poupança, enquanto os fundos perderam R$ 7,8 bilhões.

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