A Argentina vai mal, mas os Kirchner driblam .
Internacional A prosperidade do casal KA Argentina vai mal, mas os Kirchner driblam a crise e ficam 158% mais ricos em apenas um ano,por Luiza Villaméa.
AOS PÉS DOS ANDES Cristina e Néstor em frente à geleira da região na qual fizeram transação sob suspeita
A presidente argentina, Cristina Kirchner, e seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, são conhecidos no país como casal K. A análise da declaração de bens que Cristina acaba de entregar ao Escritório Anticorrupção da Argentina sugere, porém, que a dupla deveria ser chamada de casal $. Embora a recessão econômica esteja afetando a vida da maioria dos argentinos, o patrimônio dos Kirchner registrou um espetacular crescimento de 158%. Em apenas um ano, saltou do equivalente a US$ 4,7 milhões para US$ 12,1 milhões. Os pontos- chaves para a surpreendente evolução patrimonial do casal são a renda de aluguéis - US$ 2,7 milhões em 2008 -, os negócios imobiliários e os investimentos financeiros (leia quadro). Cristina e o marido não fizeram nenhum comentário a respeito de sua habilidade em gerenciar as finanças familiares.
Uma parte significativa do aumento do patrimônio pode ser atribuída a investimentos imobiliários na cidade de El Calafate, na província de Santa Cruz, em cuja capital nasceu Néstor Kirchner. Situada aos pés dos Andes, El Calafate é um destino turístico concorrido. No ano passado, uma das empresas do casal comprou na cidade o hotel Alto Calafate, que funciona como porta de entrada para a geleira de Perito Moreno. Nas vizinhanças, os Kirchner já eram donos do mais luxuoso hotel da região - o Los Sauces.
Outro fator que provocou um significativo aumento na declaração entregue por Cristina foi a venda de um terreno de 20 mil metros quadrados para a rede de supermercados chilena Cencosul. O terreno foi comprado, em 1o de março de 2006, por US$ 34 mil da Prefeitura de El Calafate, que há 15 anos é administrada por aliados dos Kirchner, e depois vendido para o grupo chileno em 12 de janeiro de 2008 por US$ 1,65 milhão. Ou seja, um rendimento de 4.753% em apenas 22 meses. Para o advogado Álvaro de Lamadrid, que havia acionado a Justiça com uma denúncia de tráfico de influência a favor dos Kirchner, o mais recente informe de bens de Cristina comprova sua denúncia.
"Está claro o circuito de enriquecimento por meio do tráfico de influência que permitiu aos Kirchner comprar terrenos a preços irrisórios e revendêlos a preço de mercado, obtendo um lucro exorbitante", afirmou De Lamadrid ao jornal La Nacion. No total, os Kirchner compraram da Prefeitura de El Calafate 141 mil metros quadrados. A denúncia feita por De Lamadrid em fevereiro do ano passado está parada na Justiça. Sobrinha de Néstor Kirchner, a promotora do caso, Natalia Mercado, ainda não convocou para depor nenhum dos 50 funcionários públicos envolvidos na negociação.
Desde que Néstor Kirchner se tornou presidente, em 2003, outras denúncias feitas contra o casal por suposto enriquecimento ilícito não prosperam nos tribunais de Buenos Aires. Sabe-se, porém, que desde 2003 o patrimônio dos Kirchner aumentou 572%, pois era de US$ 1,78 milhão quando ele assumiu a Casa Rosada, anunciando "a opção pelos pobres" de seu governo. A informação sobre os bens do casal é pública porque, na Argentina, todo funcionário público precisa entregar uma declaração juramentada de bens ao Escritório Anticorrupção no momento da posse e ao final de cada ano no cargo.
Os últimos 158% de variação patrimonial dos Kirchner surpreenderam mais por ocorreram num período em que o país enfrenta uma forte crise econômica. "Pelos dados do mercado, a Argentina está em plena recessão, com um desemprego crescente e paralisação de investimentos", afirma o cientista político Aldo Fornazieri, da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. A dimensão da crise, no entanto, é difícil de ser determinada devido à manipulação dos indicadores econômicos e sociais do país, feita pelo Indec, o Instituto de Estatísticas e Censos. "Há pouco o Indec anunciou que a produção industrial do país havia caído 1,7% em maio, enquanto os empresários da União Industrial Argentina garantem que a queda foi de 10,9%." Nesse cenário sombrio, os Kirchner, que sofreram uma derrota sem precedentes nas eleições legislativas de 28 de junho, obrigando-os a promover uma reforma ministerial, são um sucesso financeiro.a crise e ficam 158% mais ricos em apenas um ano.
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