Em oito dias, ele deu à Alemanha um bocado de seu talento e tanto de sua graça. Indiferente a anseios ou preocupações, só quis saber de brincar e de correr. Na despedida, a brincadeira e a corrida tinham que ser com os amigos. Sem os principais adversários na pista, os americanos, Usain Bolt liderou a equipe da Jamaica rumo à vitória no revezamento 4x100m: 37s31, recorde do campeonato. Assim como nas Olimpíadas de Pequim, deixou o Mundial de Atletismo com três ouros. O Brasil, que entrou na final depois da desclassificação dos EUA, terminou em sétimo, à frente da França. Trinidad e Tobago ficou com a prata, e a Grã-Bretanha com o bronze.
- O revezamento foi muito divertido. É sempre melhor do que correr sozinho - disse.Brincando de correr, Bolt foi campeão e recordista mundial dos 100m - 9s58, no domingo - e 200m rasos - 19s19, na quinta. A sexta-feira foi dia de descanso. Pediu dispensa da brincadeira e assistiu de fora à classificação da Jamaica, em sexto, no revezamento.
- Se eu estou me acostumando a vencer? Não. Você não pode se acostumar a vencer - disse Bolt.
Para a equipe brasileira, a final já era uma vitória. O quarteto viveu emoções distintas em Berlim. Antes do Mundial, a esperança de beliscar um pódio - na lembrança, o quarto lugar em Pequim e a prata em Sydney. Depois, a avalanche de críticas e desconfiança pelo doping de Bruno Tenório, que estava nas Olimpíadas de 2008.
Nas eliminatórias, mais uma montanha-russa, um teste de paciência. A melhor marca do time na temporada – 38s72 – rendeu a nona colocação. Eles tinham batido na trave. Poucas horas depois, a confirmação de que os Estados Unidos estavam desclassificados por desrespeitarem as regras na passagem do bastão. A passagem para a final ia, então, para as mãos dos brasileiros.
Vicente Lenílson, Sandro Viana, Basílio de Moraes e José Carlos Moreira, o Codó, voltaram ao Estádio Olímpico neste sábado. Largaram na raia dois, entre a França, na raia um, e a Grã-Bretanha, na três.
Vicente Lenílson era o único remanescente de Sydney-2000na equipe brasileira. Naquela final, o tempo de 37s90 rendeu a prata, atrás dos Estados Unidos.De lá para cá, os americanos viram o surgimento de Bolt, e assim perderam o domínio na prova. A Jamaica, com Bolt e Asafa Powell, bronze nos 100m, saiu na raia sete, entre Trinidad e Tobago (na seis) e Canadá (na oito). Itália e Japão completaram os lugares na pista azul. Os jamaicanos detinham o recorde mundial do revezamento, com 37s10, estabelecido nos Jogos Olímpicos de Pequim, no ano passado. Neste sábado, o time não teve a liderança ameaçada. Steve Mullings largou bem. Bolt foi o terceiro a correr. Pegou o bastão de Michael Frater e entregou-o para Asafa, que acabou com a brincadeira: 37s31.
Era hora de comemorar. O mascote Berlino, que na quinta-feira foi homenageado por Bolt, agora retribuía. Usou uma camisa com a frase: "Eu sou Bolt". Era hora de brincar.O brincalhão Bolt há tempos deixou de ser criança. Na sexta-feira, completou 23 anos. Recebeu uma medalha de ouro - na premiação dos 200m - um estádio inteiro de presente - o público todo cantou parabéns – e um pedaço do Muro de Berlim, uma homenagem da cidade pelo 20º ano da unificação da Alemanha. O aniversário passou, o Mundial também; mas o presente que Bolt deu ao esporte continua. Um presente para o presente e para o futuro.
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