
Mais que uma mera briga por posições, a mudança no ranking espelha uma tendência verificada desde o agravamento da crise, em setembro do ano passado. Por determinação do governo, os três grandes bancos públicos – BB, Caixa Econômica Federal e BNDES – ampliaram a oferta de recursos para assim compensar a escassez de crédito no sistema privado. De setembro a junho, de cada 100 reais concedidos em novos empréstimos e financiamentos, 80 vieram dos bancos controlados pelo governo. Já as instituições privadas, diante do clima de enorme incerteza, optaram pela cautela.O aumento da participação pública é natural diante de uma crise severa como a atual. Em todo o mundo, vê-se uma participação mais ativa do estado na economia. Afinal, apenas os governos, detentores do privilégio de imprimir dinheiro, são capazes de suprir a falta dos recursos necessários à manutenção da atividade empresarial. No Brasil, a estratégia foi saudável por ter colaborado para abreviar a recessão. O próprio presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, reconheceu na semana passada que as instituições públicas tiveram um papel relevante na oferta de crédito durante a fase mais dramática da crise. Contudo, Setubal ressalvou: "É preciso remunerar o capital. O lucro é necessário para aumentar a oferta de crédito. Com as taxas praticadas atualmente por alguns bancos, não é possível manter o aumento da carteira de crédito de forma sustentável". O presidente do BB, Aldemir Bendine, disse a VEJA que as taxas aplicadas pelos bancos públicos seguem critérios técnicos. "Estamos muito confortáveis com a nossa política, porque a qualidade de nossa carteira de clientes é excelente. A inadimplência é historicamente bastante baixa", disse Bendine. "Quando o mercado estava carente, o BB ampliou a oferta. O verdadeiro papel do banco público é ser agente do desenvolvimento social para o país."
Entretanto, a última edição do Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central trouxe motivos de preocupação com relação à saúde financeira de algumas instituições públicas. No estudo, simulações realizadas com 114 instituições revelaram que oito delas se tornariam insolventes caso o Brasil fosse eventualmente arrastado por uma

O fato positivo é que, com a retomada do crescimento e a percepção de que o pior da crise já passou, os bancos privados retomarão o seu crescimento, emprestando mais dinheiro e com taxas de juro mais baixas. Mais uma vez, ganharão os clientes.
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