A Marinha planeja finalizar até 2011 a implantação para início dos testes da primeira usina de produção de gás de urânio brasileira, em Iperó, a 32 quilômetros de Sorocaba e a 102 quilômetros de Campinas. A usina vai permitir que o País passe a ser autossuficiente em mais uma fase do ciclo nuclear (desde a extração, passando pelo enriquecimento do urânio até a produção de combustível para reatores) e ajudará a economizar dinheiro hoje empregado no envio do produto para processamento em outros países e posterior importação. O gás de urânio foi produzido no País entre 1980 e 1996 em uma usina-piloto do Instituto de Energéticas e Nucleares (Ipen) e hoje é importado do Canadá.
O gás gerado a partir do urânio é usado para abastecer a usina de enriquecimento de Resende, no Rio de Janeiro, que, por sua vez, abastece as usinas geradoras de energia elétrica de Angra 1 e 2, no Rio de Janeiro, abastecerá Angra 3, que está em fase de construção, e as futuras usinas que o governo federal planeja instalar até 2021 no Interior de São Paulo e no Nordeste.
Será usado também no primeiro submarino com propulsão nuclear brasileiro, que está em fase de desenvolvimento e teve um protótipo exposto na Semana de Engenharia Química (SEQ) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A exposição contou ainda com maquetes das usinas de purificação e de produção de tetrafluoreto de urânio, que estão sendo construídas em Iperó.
Assim que o Brasil for capaz de produzir gás de urânio, entrará para um seleto grupo de países que “fecharam o ciclo da energia nuclear”, segundo a capitão-tenente da Marinha Tânise do Amaral, que esteve na SEQ. Estados Unidos, Canadá, Rússia, França, Inglaterra, China, Índia, Israel e África do Sul são os únicos países que dominam todas as etapas da energia nuclear, segundo o professor de energias alternativas da Faculdade de Engenharia Elétrica da Unicamp, Wagner dos Santos Oliveira.
Atualmente, cerca de mil pessoas trabalham no Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), em Iperó. Eles são responsáveis pelo desenvolvimento de equipamentos e componentes de uso na usina. O projeto, que começou em 1986, aguarda investimentos de cerca de R$ 1 bilhão do governo federal para ser finalizado.
Divulgação
De acordo com a capitão-tenente da Marinha Tânise do Amaral, que apresentou as maquetes e o protótipo do submarino na SEQ, a área nuclear precisa ser mais divulgada nas universidades. “Trouxemos para despertar o interesse dos estudantes na área, que é estratégica”, disse. “Nossa ideia foi trazer inovação para a universidade”, disse o estudante do terceiro ano do curso Caio Delforno de Carvalho, um dos organizadores da SEQ.
“O Brasil domina a tecnologia de produção de combustível nuclear desde 1990”, disse o professor. De acordo com Oliveira, a energia nuclear é considerada ecologicamente correta por não emitir poluentes para a atmosfera. Além disso, na opinião dele, é mais segura do que se imagina. “Há 450 reatores nucleares no mundo, construídos no último meio século, e só houve dois acidentes até hoje (em Chernobyl, na Ucrânia, e Three Mile Island, nos Estados Unidos), que ocorreram devido a projetos frágeis”, afirmou o professor.
Submarino vai usar o combustível
Um dos usos do combustível nuclear será em um submarino que está sendo desenvolvido pela Marinha brasileira também em Iperó. Um protótipo da embarcação foi exposto na SEQ, nesta semana, na Unicamp. A principal função dos submarinos nacionais é o patrulhamento da costa brasileira para preservar o território. Atualmente, o País tem cinco veículos convencionais, que usam diesel como combustível. Segundo a capitão-tenente Tânise do Amaral, o uso de energia nuclear tornará os submarinos mais velozes e aumentará sua autonomia. Até o momento, não há previsão para quando esse dispositivo estará navegando. Boa parte dos componentes que serão usados no submarino é nacional. A construção é dividida por sete blocos, quatro deles fazem parte da propulsão nuclear, que está sendo construída e testada em Iperó. (FNS/AAN)
ENTENDA
CICLO DA ENERGIA NUCLEAR
1) Mineração do urânio (feito no Brasil em Caetité, na Bahia)
2) Fabricação de gás urânio (já foi feito pelo Ipem entre 1980 e 1996 e a partir de 2011 começará a ser produzido pela Marinha)
3) Enriquecimento de urânio (feito em Resende, no Rio)
4) Elemento combustível para reatores nucleares (Angra 1 e Angra 2)
5) Construção de reatores nucleares (o Brasil tem conhecimento para fazer, mas até hoje não construiu nenhum. Os de Angras 1, 2 e 3 são importados)
6) Estocagem de resíduos (hoje, são feitas nas usinas)
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