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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O homem bala

O que faz do corredor jamaicano Usain Bolt um velocista muito superior aos outros.Ele tem um dos apelidos mais apropriados que já se ouviu: relâmpago. Este é o codinome do corredor jamaicano Usain Bolt, 23 anos, o fenômeno atual do mundo do esporte. Bolt até se dá o luxo de desperdiçar tempo para bater no peito e conferir o cronômetro antes mesmo de cruzar a linha de chegada. Com uma anatomia privilegiada e uma autoconfiança inabalável, ele parece ter a fórmula do atleta perfeito.
Com isso, no Campeonato Mundial de Atletismo de Berlim, na Alemanha, neste mês, quebrou dois recordes mundiais. Marcas que pertenciam a ele mesmo e que lhe renderam cada uma US$ 100 mil da Associação Internacional de Federações de Atletismo (Iaaf na sigla, em inglês). Na quintafeira 20, véspera de seu aniversário, cravou 11 centésimos a menos do tempo oficial na prova dos 200 m, confirmando o título de homem mais rápido do mundo. O que faz de Bolt um verdadeiro "The Flash"?
Para o fisiologista, especialista em medicina do esporte e professor da Universidade Federal Paulista, Paulo Zogaib, a genética é a principal resposta. Bolt nasceu com condições físicas ideais para a corrida. Com 1,95 m de altura, tem uma frequência elevada de passadas largas, o que permite um rendimento extraordinário. Ou seja, ele pisa menos vezes no chão durante uma prova, sem perder velocidade. "A impressão que temos ao vê-lo correr é de que não existem limites para a natureza humana", diz Zogaib. "Ele anda de Ferrari, enquanto os outros vão de Fusca", compara o velocista e medalhista olímpico Claudinei Quirino.
Em Berlim, o jamaicano provou ser diferente dos demais. Entre os 60 m e os 80 m de prova, quando o rendimento dos atletas começava a cair, Bolt atingia 44,72 km por hora nos 100 m. No final de seu voo no solo, ele sempre repete um feito específico: consegue soltar a musculatura do corpo sem perder a aceleração. "Ele contrai apenas o necessário", explica Zogaib.
A alta performance levantou até suspeitas de doping, mas o atleta passou limpo até hoje por todos os testes. Bolt não economiza é nas gracinhas que conquistam as câmeras e o público, mesmo segundos antes de uma competição quando, normalmente, os atletas estão muito concentrados e tensos. "Bolt tem uma condição psicológica diferenciada, esbanja otimismo, sem ser desrespeitoso", afirma o técnico de atletismo Carlos Gomes Ventura, de São Paulo. "Quando mudar para os 400 m, daqui a alguns anos, aposto que vai repetir o estrago." Se os prognósticos se confirmarem, Bolt vai superar Bolt muitas vezes ainda.

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