Em junho de 2011, o também deputado pediu empréstimo ao contraventor no valor de R$ 179 mil
AE
Com 42 anos de vida artística, com 35 filmes e 40 novelas e
programas no currículo, o deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ) usou
jargões da profissão para pedir auxílio ao contraventor Carlos Augusto
Ramos, o Carlos Cachoeira. "Depois eu quero falar com você porque aquele
papel que vou fazer lá na novela, eu queria conversar contigo pra pegar
umas dicas de como é", pede Stepan. O contraventor havia ligado para
Stepan, na época vereador da Câmara do Rio, para parabenizá-lo pela sua
recondução ao cargo nas eleições municipais.
As conversas foram captadas pela Operação Vegas, em outubro de
2008. Stepan passa então o telefone para Carlos Alberto Leréia
(PSDB-GO), que já era deputado federal e se identifica como diretor da
Globo e reforça o pedido para Cachoeira ajudar Stepan, "para ele poder
interpretar o senhor bem na novela". Cachoeira não levou o pedido de
Stepan a sério. E não há registros de que Stepan tenha participado de
novela no papel de contraventor, empresário, articulador político ou
lobista. A PF não confirmou se a conversa representava algum tipo de
código.
Mas se não pôde colaborar com o deputado na época, Cachoeira não se
negou a atender a outro pedido três anos depois. Em junho de 2011,
Stepan pediu empréstimo a Cachoeira no valor de R$ 179 mil, para quitar a
compra de um apartamento. Stepan alega ter devolvido a quantia após o
banco aprovar o empréstimo. Este pedido, no entanto, transformou Stepan
em alvo de inquérito iniciado na semana passado no Supremo Tribunal
Federal (STF). "Minhas conversas com o Carlinhos eram só bobagem. Até
porque eu não preciso do Cachoeira para fazer papel nenhum", lamentou,
nesta quinta, o deputado ao Grupo Estado. "Nas nossas conversas sobre o
Botafogo, eu falo pra ele comprar o Messi."
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