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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Pilotos da TAM protestam contra falta de segurança de voo


Funcionários criaram blog com série de reivindicações e prometem seguir estritamente os manuais – o que pode gerar atrasos em voos e prejuízos para a companhia. Manifestação deve seguir durante todo o mês

Luciana Marques
Aviões da Gol e da TAM em Congonhas
Aviões da Gol e da TAM em Congonhas (Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem)
Em protesto por melhores condições de trabalho e segurança de voo, pilotos e comissários da TAM iniciaram uma operação de “não-colaboração” à empresa. Para chamar a atenção da companhia aérea, os funcionários criaram um blog chamado “Aviador Anônimo TAM”. Os manifestantes dizem que mais de 10.000 funcionários que trabalham na área de segurança de voo (entre pilotos, comissários e mecânicos) estão insatisfeitos com a companhia. 
“Não é prudente que uma empresa aérea mantenha justamente as pessoas mais envolvidas em segurança sob estresse”, diz um dos textos publicados. Eles reclamam das escalas de trabalho, da falta de planejamento das jornadas, da redução dos salários e do péssimo trato da chefia com os subordinados. “O rigor na escala torna quase impossível nossa volta para casa”, disse um piloto ao site de VEJA.
Os funcionários prometem seguir rigorosamente os manuais das aeronaves – o que pode ocasionar atrasos em voos e aumento de consumo de combustível. “Iremos emitir diretrizes aos tripulantes, que deverão ser seguidas durante o mês de maio. Serão coisas simples como fazer o procedimento completo, enfim, trabalhar em cima do que está escrito”, diz um dos textos publicados no site.
Em carta encaminhada ao presidente da TAM, Marco Bologna, em abril, os pilotos fazem um alerta: “Seremos como robôs, cumpriremos estritamente as normas escritas pela empresa e deixaremos que os outros departamentos façam o trabalho deles. Vai ser como cortar na carne, mas não vemos outra alternativa”.
Gastos - O objetivo do movimento é pressionar a companhia sem greves, mas de forma a causa possíveis prejuízos para a TAM. Segundo um piloto, metade dos gastos da empresa é proveniente de combustível e as medidas adotas pelos aviadores podem pesar no bolso da TAM. A assessoria da companhia confirmou que o combustível é o principal custo operacional da empresa. 
"Se cada comandante deixar de economizar 100 quilos de combustível por etapa, com uma adesão de 50% dos pilotos, teríamos um aumento nas despesas na ordem de 5 milhões de reais ou mais, só em maio”, estima um comandante que preferiu não se identificar.
Nesta quarta-feira, o blog “Aviador Anônimo TAM” recebeu mais de cem comentários sobre o início da manifestação. “Basta seguir o que está escrito que iremos chamar a atenção. O consumo daqui a algum tempo vai aparecer, vamos causar estrago. Vai virar uma bola de neve: aeronautas regulamentados, voos atrasados, aí o bicho vai pegar.”
Outro manifestante diz: “Minha parte estou fazendo. Limpeza só entra depois do desembarque encerrado, embarque só ocorre depois de a limpeza ter saído. Comissária não chegou? Problema da base. Contagem não bateu com a do despacho? Paciência, só fecho a porta quando bater. Fechar a porta com passageiros em pé? Não, não, não!”.
Até o meio-dia desta quarta-feira, a companhia registrou atrasos em 17,8% dos voos – a  média de atrasos de todas as empresas foi de 15,1%. “O índice de atrasos de hoje é padrão para as companhias”, informou a assessoria da TAM ao site de VEJA. “Todos foram prejudicados pelo mau tempo, principalmente em Porto Alegre.” 
Resposta – A assessoria da TAM informou que a segurança é prioridade para a companhia: “Cumprimos rigorosamente toda a legislação do setor aéreo e os procedimentos de operação das aeronaves sugeridos pelos fabricantes”.
A empresa também negou eventual excesso na jornada de trabalho dos tripulantes. "A média de horas de voo por tripulante, na TAM, é inferior a setenta horas por mês, para um limite mensal regulamentar de 85 horas. Além disso, a remuneração dos tripulantes da empresa está em linha com o praticado nos mercados brasileiro e internacional".
A TAM nega que haja um “movimento” entre os funcionários da companhia, mas admite que o departamento de recursos humanos da empresa enviou uma carta ao blog em resposta aos “supostos” manifestantes. Diz uma parte do texto encaminhado pelo RH aos blogueiros: “Pertencemos a uma única empresa e esse espírito deve permanecer. Somente por meio do diálogo sincero e aberto entre nós é que poderemos encontrar, juntos, as respostas e soluções”

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