Comprador da empresa cearense, produtor das marcas Johnnie Walker e Smirnoff, pagou R$ 900 milhões
A
aquisição da marca cearense Ypióca - líder no segmento de cachaças
premium no Brasil - e de parte de seus ativos pelo grupo britânico
Diageo deverá elevar em 20% o volume de vendas da multinacional no País.
O acordo, fruto de uma negociação que começou há cerca de um ano e
meio, foi anunciado ontem. A transação custou aproximadamente R$ 900
milhões, conforme site da Diageo - líder no mercado mundial de bebidas
alcoólicas premium, e detentora de marcas como Smirnoff e Johnnie
Walker. Com o controle da Ypióca, o Nordeste passa a responder por um
terço do faturamento do grupo em território brasileiro.
Fac-símile
da coluna do jornalista Egídio Serpa (edição do último dia 17 de maio),
antecipou o valor de venda da companhia cearense ao grupo britânico
reprodução
A compra faz parte da estratégia da empresa de
alcançar em mercados emergentes metade de sua receita até 2015. A
previsão é de que a transição esteja concluída em mais um mês, atendendo
a questões meramente burocráticas, segundo anunciado ontem pelo
presidente da Diageo para o Brasil, Uruguai e Paraguai, Otton Von
Sothen.
Conforme disse, a operação envolve a aquisição de 100% da
marca cearense de cachaça, uma destilaria localizada em Paraipaba - a
100 km da Capital - a unidade de envasamento de Messejana, na Região
Metropolitana de Fortaleza, e o centro de distribuição que fica em
Guarulhos, em São Paulo. Nesse processo, a Diageo acrescenta mais 700
funcionários às suas operações no Brasil.
De acordo com Von
Sothen, na avaliação da compra, o grupo considerou a força da cachaça no
País, refletindo a cultura nacional e a posição da Ypióca (terceira em
volume e segunda em valor) entre as suas concorrentes. A multinacional
também destaca a estrutura de distribuição da empresa pelo Brasil, em
especial no Nordeste, com 250 mil pontos de venda.
Expansão
Com
a aquisição, a Diageo deseja ampliar a participação da Ypióca no
mercado brasileiro, atualmente em 8%. "Existe uma oportunidade muito
grande para crescer. Hoje, a Ypióca tem 70% de suas vendas no Ceará e
vamos buscar a expansão para o Nordeste e o Brasil, além de
fortalecermos nossas marcas na região", adiantou o executivo. De acordo
com ele, no ano passado, a Ypióca produziu 6,6 milhões de caixas de nove
litros, representando um crescimento de 13% sobre o ano anterior, acima
da média do setor.
Operação
Conforme
explicou Von Sothen, a ideia, a princípio, é operar a Ypióca de forma
exclusiva. "Serão mantidos todos os rótulos e a força de vendas. Mas
vemos uma oportunidade de complementaridade", informou, descartando
ainda o desligamento de funcionários. "Não temos a intenção de mudar
nada no gerenciamento da empresa. Será tratada como uma unidade de
negócios à parte. A aquisição se deu exatamente em função do trabalho
bem feito, desenvolvido até agora", avalia.
Ainda segundo ele, o
atual presidente da Ypióca, Everardo Telles, passa para o Conselho
Consultivo, mas sem função executiva. "Compramos 100% da marca e a
transição será tranquila e nos próximos dias a família Telles sai
totalmente do comando. Foi uma transação com um parceiro competente, que
fabrica produtos de qualidade", elogiou Von Sothen. Segundo a Diageo, o
negócio, além de expandir a presença do grupo no Brasil, dá mais acesso
ao "número crescente de consumidores de classe média que estão puxando a
elevação das marcas premium". "Neste ano, nossa meta é crescer dois
dígitos em todas as categorias".
Incentivos fiscais serão mantidos para o comprador
De
acordo com legislação vigente do Fundo de Desenvolvimento Industrial
(FDI) do Ceará, todos os benefícios fiscais hoje concedidos às operações
do grupo Ypióca serão transferidos automaticamente para Diageo, que
passa a controlar a empresa.
Produção
de etanol e o Y-Park continuam sob o comando da família Telles, assim
como fábrica de embalagens e outros braços do grupo Fotos: Alex
Costa/Divulgação
Conforme o FDI, dependendo da atividade,
dentre outros quesitos, o investidor pode vir a gozar de até 75% de
diferimento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS). Porém, por conta do sigilo fiscal, o Conselho Estadual de
Desenvolvimento Econômico (Cede) não divulga os benefícios concedidos às
empresas.
Como fica
A Ypióca vendeu
apenas um dos seus oito ramos de atuação. Permanecem no grupo os setores
de água mineral (Naturágua); papel e papelão (Pecém Agroindustrial
Ltda); embalagens e garrafas pet (Yplastic); produção de cana-de-açúcar,
etanol, milho, feijão, leite e criação de suínos, caprinos e ovinos; e
ainda o Y-Park, com diversas atrações, em Maranguape.
O que foi
vendido foi a divisão de bebidas alcoólicas com a marca Ypióca,
incluindo ai a unidade de Paraipaba, a fábrica de envasamento em
Messejana e o centros de distribuição de Guarulhos (São Paulo). As
fábricas em Ceará Mirim (Rio Grande do Norte), Pindoretama, Acarape e
Jaguaruana (Ceará) continuam com a família Telles, mas com contrato de
produção exclusiva de cachaça para a Diageo.
Atualmente, são gerados cerca de 3,2 mil empregos diretos e 23 mil indiretos.
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Para
comunicar a aquisição da empresa cearense, o presidente do Grupo Diageo
para o Brasil, Uruguai e Paraguai, Otto Von Sothen, visitou na tarde de
ontem o governador Cid Gomes, no Palácio da Abolição.
Perfil
A
Diageo é líder mundial na produção de bebidas alcoólicas premium, com
uma coleção de marcas nas categorias de destilados, vinhos e cervejas. A
multinacional opera em mais de 180 países. Cerca de 60% do volume que é
vendido no Brasil são produzidos localmente. Hoje, a Diageo emprega 400
pessoas. (ADJ)
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