O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello afirmou
ontem que nunca deveria ter ocorrido o encontro em que o colega Gilmar
Mendes disse ter recebido do ex-presidente Lula pedido para adiar o
julgamento do mensalão. "Está tudo errado", afirmou.
Sérgio Lima - 19.dez.2011/Folhapress |
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Ministro do STF Marco Aurélio Mello |
Segundo reportagem da "Veja" desta semana, Lula ofereceu em troca
blindagem na CPI criada para investigar supostas relações criminosas de
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e
empresários. O ex-presidente nega o teor da conversa.
FOLHA - Como o sr. avalia esse encontro do ministro Gilmar Mendes com o ex-presidente Lula e o pedido de adiar o julgamento?
MARCO AURÉLIO MELLO - Está tudo errado. É o tipo de acontecimento
que não se coaduna com a liturgia do Supremo Tribunal Federal, nem de
um ex-presidente da República ou de um ex-presidente do tribunal, caso o
Nelson Jobim tenha de fato participado disso.
Interfere no funcionamento da Corte?
Precisamos compreender uma coisa: ministro do Supremo não é cooptável.
No dia em que for, teremos que fechar o Brasil para balanço
O sr. acha que o mensalão pode ser, de fato, adiado por pressões políticas?

Se eu fosse advogado de algum acusado estaria muito chateado com a
situação. Pois parece um gol contra. Mas como julgador, continuo no
mesmo patamar de isenção. Nada repercute. É o que eu tenho dito. Esse é
um processo como tantos outros. Quando for liberado, será julgado. O que
me preocupa é outra questão. Se tem gente que pensa que, diante de um
ministro do Supremo, que é o órgão máximo do Judiciário, é capaz de
interferir, interceder, influenciar, imagina o que deve acontecer com um
juiz de primeira instância.
Na sua avaliação, esse episódio de fato aconteceu?
Não posso presumir que o ministro Gilmar Mendes tenha criado esse
episódio. O presidente Lula tem uma forma de tocar as coisas concernente
ao mundo privado, que funciona em sindicatos, onde ele cresceu. Agora,
no campo público é diferente.
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