O dissidente chinês Chen Guangcheng fez nesta quinta-feira um apelo dramático por ajuda em um telefonema ao celular do também ativista Bob Fu durante audiência da Comissão Executiva do Congresso para a China (CECC, na sigla em inglês) em Washington, presidida pelo congressista republicano Chris Smith.
Fu e Smith deixaram a sala de audiência para receber o telefonema e voltaram minutos depois, colocando Chen no viva-voz para que pudesse transmitir sua mensagem ao Congresso.
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O ativsta Bob Fu (à dir.) ajuda republicanos Chris Smith (centro) e Frank Wolf a se comunicarem com Chen |
Durante o telefonema, ele expressou mais uma vez temores sobre a segurança de sua família, pediu ajuda para deixar a China e pediu para se encontrar com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
"Temo por minha família. O que mais me preocupa agora é a segurança da minha mãe e do meu irmão, quero muito saber como eles estão", afirmou. "Estou também muito preocupado outros familiares. Eles instalaram câmeras em minha casa".
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Bob Fu (à dir.) recebe telefonema do dissidente Chen ao lado do republicano Chris Smith |
"Quero pedir para ter minha liberdade de ir e vir garantida", disse ainda Chen em mandarim, com tradução simultânea de Fu. O dissidente afirmou também que deseja ir para os Estados Unidos para um "período de descanso", já que "não descansa há dez anos".
"Quero me encontrar com a secretária Clinton. Quero agradecer a ela pessoalmente", disse ainda Chen durante a ligação, feita do hospital onde se encontra em Pequim.
"Estamos rezando por você e não pouparemos esforços" para ajudar, respondeu Smith.
Hillary, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, e outras autoridades dos EUA estão atualmente em Pequim para conversas bilaterais, mas a condição de Chen foi predominante na semana passada.
Smith disse que Hillary precisa "ir ao quarto de hospital e encontrar você [Chen], sua família e seus aliados precisam pegar um avião e vir para os Estados Unidos para, como você [Chen] disse, ter o descanso que tanto merece."
Vários jornalistas aguardam por Chen na porta do hospital, mas são impedidos de ter acesso pela polícia, segundo a imprensa local. O ativista diz que também foi proibido de receber visitas de amigos e parentes, e que seu celular foi bloqueado.
CRÍTICAS AOS EUA
Autoridades americanas vêm sendo criticadas por republicanos e apoiadores de Chen, que dizem que o governo de Barack Obama deveria garantir a segurança do dissidente. Ele chegou a se refugiar na embaixada americana em Pequim durante seis dias, mas deixou o local após um suposto acordo com o governo chinês.
O embaixador Gary Locke diz que Chen "nunca foi obrigado" a sair da embaixada dos Estados Unidos.
Depois de sair da embaixada nesta quarta-feira, o advogado cego declarou que pretendia deixar a China porque não se sentia seguro, apesar da intervenção dos Estados Unidos ante as autoridades chinesas para que sua segurança fosse garantida no país.
"Não me sinto seguro, quero sair da China", declarou à AFP Chen Guangcheng um dia depois de obter "garantias" da China sobre sua segurança se permanecesse no país
"Quero ir ao exterior. Quero que os Estados Unidos nos ajudem, eu e minha família. Antes me ajudaram", disse, em uma entrevista por telefone no hospital de Pequim onde foi internado na quarta-feira com um ferimento no pé, depois de deixar a sede diplomática.
"Aqui não me sinto seguro. Quero partir", completou.
O dissidente escapou da prisão domiciliar em 22 de abril, na província de Shandong, após quatro anos de confinamento, e sua presença na embaixada dos EUA provocou uma crise entre Washington e Pequim.
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