Mais de 40% dos custos da campanha do relator do Código Florestal, Paulo Piau, foram bancados por gigantes do agronegócio. Partidos tentam impugnar relatório
Izabelle TorresIRREGULAR PV e PSOL
alegam que indicação de Paulo Piau para a relatoria do Código Florestal infringiu Código de Ética
Esta semana, o PSol, com o apoio do PV, vai apresentar um recurso à Comissão de Constituição e Justiça alegando que as relações de Paulo Piau com gigantes do agronegócio deveriam tê-lo impedido de relatar o projeto. Afinal, quase 43% dos custos de sua campanha em 2010 foram bancados por empresas do setor, que deram a ele exatos R$ 991.725,65. A relação do deputado de Patos de Minas com os financiadores não é apenas mais um exemplo do jogo de interesses que ronda há anos as discussões sobre a nova legislação ambiental. Sua indicação feriu ostensivamente um artigo do Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, que foi deliberadamente ignorado pelos políticos. O inciso VIII do artigo 5º da norma interna considera quebra de decoro “relatar matéria submetida à apreciação da Câmara dos Deputados, de interesse específico de pessoa física ou jurídica que tenha contribuído para o financiamento de sua campanha eleitoral”.
CLAMOR
Movimento para que Dilma vete artigos do novo Código Florestal se espalha por todo o País
Movimento para que Dilma vete artigos do novo Código Florestal se espalha por todo o País
Enquanto os debates burocráticos dominam a questão na Câmara, a sociedade, como revelou a última edição de ISTOÉ, se mobiliza para que a presidenta Dilma vete artigos do novo Código que estimulam o desmatamento e a destruição da floresta. Para o relator Piau, a tentativa de invalidar sua indicação será tão inócua quanto o grito da bancada ambientalista durante a votação do último dia 25 de abril. “A chance de isso prosperar é zero. Até porque se tiverem de impedir cada parlamentar que recebeu dinheiro de um determinado grupo a relatar matérias sobre os temas ligados a ele, ninguém mais vai relatar nada. Acho também que esse barulho contra o texto aprovado é manifestação de gente que não entende do assunto e não sabe do que está falando”, defende-se Piau. Com a campanha financiada por 26 empresas do agronegócio, ele sabe muito bem o que faz. Em pelo menos três projetos que relatou, Piau beneficiou donos de terras. Dois dos seus pareceres foram a favor da anulação de decretos presidenciais que demarcaram terras indígenas. Outro propôs mudanças na legislação de patrimônio cultural capazes de possibilitar acordos administrativos e evitar processos judiciais contra quem comete crimes ambientais. Desde o inicio, portanto, era possível prever a tendência do relator. Mas nem o Planalto nem os ambientalistas esperavam que o estrago fosse tão grande.
Nenhum comentário:
Postar um comentário