Com
a composição da Comissão da Verdade anunciada, os militares da reserva —
segmento na caserna que tem permissão para se manifestar politicamente —
preparam ações para contrapor os trabalhos do grupo. No Rio de Janeiro,
os três clubes militares estão trabalhando na criação de comissões
paralelas, para acompanhar os movimentos do colegiado nomeado pela
presidente Dilma Rousseff e produzir relatórios próprios. O Clube Naval
formou, há cerca de 15 dias, sua própria comissão. Em reunião ontem,
ficou acertado que os clubes do Exército e da Aeronáutica também irão
constituir grupos internos.
Os
moldes e a forma de trabalho são inspirados na Comissão da Verdade:
sete membros que irão monitorar as ações da comissão de Dilma Rousseff,
produzindo relatórios e mantendo a caserna informada sobre as
investigações. A intenção, segundo o almirante Veiga Cabral, presidente
do Clube Naval, é contrapor as investigações sobre violações de direitos
humanos ocorridas contra militantes, levantando informações sobre
crimes ocorridos contra militares e seus familiares durante a ditadura.
"Para
reconstituir a história, que é o que a lei diz ser o objetivo, é
preciso ter as duas versões sobre os fatos. A maioria dos nomes
escolhidos pela presidente têm uma ligação extrema com a esquerda e isso
pode desequilibrar os resultados", afirma o almirante.
Em
Brasília, militares da reserva que coordenaram a reação à formação da
Comissão da Verdade tentarão assegurar, por meios judiciais, que os
convocados a depor no colegiado não tenham que se manifestar. O temor do
grupo se deve à previsão, na lei, de que militares serão obrigados a
colaborar com os trabalhos. "Queremos que o Supremo Tribunal Federal
determine ao Legislativo que aperfeiçoe a lei para que diga as
salvaguardas que teremos. Vamos usar nosso direito constitucional de
permanecermos calados. Se depender da gente, essa comissão vai dar em
nada", afirma o coronel da reserva Pedro Ivo Moezia, um dos autores do
manifesto "Alerta à Nação".
O
oficial prepara um mandado de injunção para assegurar que não haverá
punições futuras resultantes dos fatos apurados pela comissão. "Como
vamos acreditar que não haverá punição se a própria ministra Maria do
Rosário (Direitos Humanos) diz que daquilo poderão sair processos
criminais?", questiona, em referência a declarações da ministra ao
Correio, em fevereiro deste ano. (JG)
Nenhum comentário:
Postar um comentário