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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Em meio à crise com STF, Dilma homenageia Lula


Sem citar embate entre ex-presidente e ministro do STF Gilmar Mendes, presidente enalteceu figura de padrinho político em solenidade no Planalto

Carolina Freitas
Dilma sobre Lula: "Todos nós temos esse reconhecimento a prestar a ele" Dilma sobre Lula: "Todos nós temos esse reconhecimento a prestar a ele" (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
O Salão Nobre do Palácio do Planalto foi palco, nesta quarta-feira, de uma homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comandada por ninguém menos que a presidente Dilma Rousseff, sua afilhada política. Reportagem de VEJA desta semana mostra que Lula vem usando sua influência para chantagear ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em troca da oferta de "blindagem" ao ex-presidente do Supremo Gilmar Mendes na CPI, Lula sugeriu que seria "inconveniente" julgar o mensalão - maior escândalo de seu governo - agora.
As declarações abriram uma crise entre o STF e o ex-presidente da República, agravada na segunda-feira, quando Lula sugeriu que Mendes mentira. Em resposta, na terça-feira, o ministro do STF subiu ainda mais o tom e acusou Lula de operar uma central de fofocas para tentar “melar” o julgamento do mensalão, que tem de acontecer ainda neste ano para que os crimes mais graves não prescrevam.
Nesta quarta, foi a vez de Dilma falar. E em defesa de Lula. Na cerimônia de entrega do 4º Prêmio dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a presidente não mencionou o embate entre Mendes e Lula. Em discurso, ateve-se apenas a destacar a atuação do antecessor. "Os processos e as pessoas têm uma ligação. As pessoas no lugar e na hora certos mudam processos e transformam a realidade", disse Dilma. Em seguida, a presidente puxou uma homenagem a Lula. Aos gritos de "Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula", a plateia, de cerca de trezentas pessoas, aplaudiu de pé.
"Faço essa homenagem pelo desempenho do presidente Lula em se comprometer no Brasil com a questão do desenvolvimento e da oportunidade aos mais pobres. E seu comprometimento internacional com a luta pela erradicação da pobreza. Todos nós temos esse reconhecimento a prestar a ele", explicou a presidente.
Dilma fazia coro às declarações do secretário-geral do Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, Rodrigo Rocha Loures. Minutos antes, ele disse que o ex-presidente proporcionou "uma experiência inédita no Brasil e no mundo de articulação inteligente entre empresários, sindicatos, trabalhadores". "Lula presidiu em 2004 uma memorável oficina nas Nações Unidas em que houve articulação pelo desenvolvimento sustentável. Lula teve um papel central nessa tarefa de animar os empresários", afirmou Loures, pedindo uma salva de palmas ao ex-chefe do Executivo.
O prêmio é concedido a vinte entidades que se destacaram em trabalhos para cumprimento das Metas do Milênio. Estavam presentes a administradora do PNUD, Helen Clark e ministros da área da América Latina, Caribe e África.
Desenvolvimento - A presidente também aproveitou para atacar gestões anteriores. "O slogan 'país rico é pais sem pobreza' parece uma obviedade, mas não é. Ao longo da nossa história, para muitas pessoas, o país poderia ser rico e a população, pobre. Nós estamos mostrando na prática que isso é uma mentira", declarou, muito aplaudida. "É possível preservar nossas florestas, nossos rios, nossa biodiversidade. É possível tudo isso e ao mesmo tempo crescer e desenvolver a produção agrícola, industrial e os serviços".
Às vésperas da Rio+20, a presidente afirmou que é preciso "dar passos à frente" sem abrir mão dos objetivos do milênio. "Nossos passos à frente são expressão da tríade de conservar, proteger, crescer e incluir. Isso significa que teremos de criar metas a serem perseguidas e realizadas. Metas dão a diretriz e mostram o caminho. Acreditamos em acoplar metas do milênio com metas do desenvolvimento sustentável", disse. "Aqui no Brasil aprendemos que políticas de inclusão são decisivas para o crescimento econômico, transformam a sociedade".

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